Olé! Catalunha proíbe tourada a partir de 2012 e abre guerra à tradição

por Mariana de Araújo Barbosa
29.07.2010

Decisão do Parlamento de Barcelona abre precedente e aumenta distância entre Espanha e a província catalã

A medida promete agitar os que estão contra, os que concordam e os países europeus com iniciativas semelhantes. O Parlamento de Barcelona aprovou ontem a proposta da Iniciativa Legislativa Popular (ILP) para proibir as corridas de touros na Catalunha.

Com 68 votos a favor e 55 contra, a lei deverá entrar em vigor a 1 de janeiro de 2012. A região autónoma espanhola põe fim às corridas de touros nas praças catalãs. Depois de aprovada a proposta popular, abre-se assim um precedente quanto à festa taurina e aumenta o abismo que separa a província do restante território espanhol.

"É claramente uma jogada política de um governo que não é taurino, mas não respeita os gostos dos outros. É um atentado à liberdade dos que querem sentir a festa dos touros, pelos seus gostos, pela sua aficción", é a análise feita para o i por Rui Bento Vasques, director da Praça de Touros do Campo Pequeno.

Os fãs da Monumental de Barcelona têm sensivelmente um ano e meio para aproveitarem a aficción. No final da votação, o presidente da assembleia, José Montilla, disse esperar "moderação e sentido de responsabilidade de toda a gente".

A notícia foi celebrada e criticada simultaneamente. Enquanto os populares comemoravam a aprovação do diploma, a presidente do PP na Catalunha, Alicia Sánchez Camacho, assegurou tratar-se de um "dia triste". "Não se pode estar a favor ou contra uma festa dos touros", sublinhou.

"A decisão tem muito significado, mesmo numa sociedade que aparentemente possa não ter grande ligação à festa da tourada. Isto faz parte das raízes culturais de Espanha. E cá em Portugal também está muito enraizado. Basta ver que as nove corridas que fizemos esta temporada estiveram completamente lotadas", explica Rui Bento Vasques, acrescentando que a decisão "viola o direito a um espectáculo que quem quer desfruta. Liberdade é isso mesmo".

dos desenhos animados

A proposta encerra um processo que durou um ano e meio no parlamento catalão. De acordo com Pere Navarro, responsável da Direcção-Geral de Trânsito, a origem é mais profunda: "Trata-se um processo natural de consciencialização cultural contra tudo o que tenha a ver com sofrimento animal, por causa de filmes infantis como o 'Bambi'", analisou ontem.

"As coisas têm a sua própria evolução, vão fazendo o seu caminho." A iniciativa partiu dos Populares através da plataforma Prou!, que reuniu mais de 180 mil assinaturas contra os festejos.

Brigitte Bardot, uma das actrizes que mais têm lutado pelos direitos dos animais no mundo, considerou a decisão "uma vitória da dignidade sobre a crueldade. A tourada é de sadismo incrível. Já não estamos nos jogos circenses e é necessário pôr fim imediato a esta tortura animal". Bardot acrescentou que a aprovação da lei abre caminho à abolição europeia da "barbárie". "Recorreremos à iniciativa de cidadãos prevista pelo Tratado de Lisboa", sublinhou a actriz.

Depois da aprovação na assembleia catalã, a proposta segue para novas instâncias: os que estão a favor das touradas já anunciaram que vão recorrer ao Tribunal Constitucional, com apoio do PP. Já os populares vão continuar a lutar pelos direitos dos animais, já com uma vitória no bolso.
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Madrid declara touradas como Património Cultural


por Maria Catarina Nunes
08.04.2010

As touradas são “Bem de Interesse Cultural (BIC)”, declarou o conselho do governo da comunidade Madrid.
A intenção é proteger o valor “social e ecológico” da festa brava, segundo informou Ignacio González, o vice-presidente e porta-voz regional.

Esperanza Aguirre, a número dois do executivo, assegurou que esta decisão “não vai contra nada”, já que defende as touradas, afirmando que são “uma das mais antigas tradições de Espanha e do mediterrâneo”.

González explicou ainda que através desta declaração o estudo e a conservação da tauromaquia vão ser preservados. O vice-presidente destacou que as touradas fazem parte do património cultural da Comunidade de Madrid até ao ponto de que a figura do touro aparece representada em diversos escudos municipais.

No passado dia 4 de março o executivo regional pôs em marcha a declaração de BIC para as touradas nacionais na comunidade, que coincidiu com o debate que se celebrava na Catalunha acerca da sua possível proibição naquela autonomia.
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