Cassinos: grupo Estoril-Sol prevê quebras
nas receitas brutas devido à crise

por Agência Lusa
14.07 2010

Os casinos do Grupo Estoril-Sol estimam uma queda média de 9,5% nas receitas brutas devido à crise, traduzindo menos 25 a 30 milhões de euros no final do ano, prevê o presidente do grupo.
O milionário macaense Stanley Ho detém maioritariamente o grupo luso Estoril-Sol.

À Lusa, Assis Ferreira informa que esta quebra é "metade do que a generalidade dos outros casinos portugueses têm".

Os casinos do Estoril, Lisboa e Póvoa do Varzim têm racionalizado a nível operacional, mas agora vão fazê-lo com os funcionários.

"Temo-lo conseguido até agora apenas à custa de novas soluções operacionais, de simplificação de processos, que nunca afectam a mais-valia de qualidade. Mas agora forçam-nos a ir para soluções que também envolvem racionalizações de recursos humanos", afirma, acrescentando que essa racionalização será "mitigada o mais possível".

"Apenas no limite daquilo que possa significar não ter mais prejuízos, porque já no ano passado tivemos prejuízos na decorrência dos últimos quatro meses do ano e da queda drástica de receitas", diz.

Dentro do casino, a área mais afectada pela crise é a das máquinas automáticas, que representam 85% da facturação. A crise pode ter significado para o sector automóvel e da construção civil quebras de 30 a 40%, "mas (9,5%) é dramaticamente significativo nos casinos por uma razão muito simples: é o problema da tributação", sublinha o também presidente da Assembleia-geral da Associação Portuguesa de Casinos.

Assis Ferreira explica que os casinos não pagam IRC (Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, 25% sobre lucros líquidos), mas imposto de jogo (62% sobre receita bruta).

"O que significa que eu trocaria de bom grado os 9,5 ou 10% de queda que possamos atingir até ao final do ano, por 40 ou 50%, se em vez de sermos tributados com uma das mais altas taxas, senão a mais alta tributação do mundo, fossemos apenas tributados por IRC como as demais actividades económicas", diz.

Os casinos esperam os primeiros sinais de retoma a partir da segunda metade de 2010, uma vez que "dependem da confiança, optimismo e de um componente psicológico" em relação à "disposição das pessoas para se divertirem".

Actualmente os "casinos estão exactamente na situação de asfixia similar aquela que os jogos sociais estavam", nomeadamente, antes da alteração legislativa de agosto, que excluiu o pagamento de IRS pelos premiados e permitiu aumentar o valor dos prémios, disse.

E defende não haver razão para se "olhar de soslaio para os casinos e olhar-se de braços abertos para os jogos sociais e para a Santa Casa da Misericórdia, que merece essa homenagem".

"Os casinos merecem-na exactamente do mesmo modo", considera o responsável, acrescentando que se a Santa Casa faz "profilaxia curativa dos danos sociais", os casinos "previnem as chagas sociais", ao determinarem emprego e desenvolvimento económico e pelas verbas que dão às autarquias e que "permitiram toda a reestruturação turística do país".

O presidente da Estoril Sol, que detém 67% do mercado de casinos, concluiu que a "casa do Turismo" tem "excelentes" telhado e paredes, "mas faltam os alicerces, que são os casinos, que financiam as obras turísticas mais que os fundos comunitários dos últimos seis anos".

Do atual Governo, Assis Ferreira não pretende redução de impostos, mas legislação "adequada ao mercado actual", "menos burocrática", um "Estado minimamente actuante na forma absolutamente escandalosa de evasão fiscal dos jogos online" e que respeite o principio de exclusividade da exploração dos jogos de fortuna e azar.
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