Billy the Kid: de assassino a atração turística

por Nuno Castro
24.07.2010

Bill Richardson, governador do Novo México, quer perdoar os crimes do pistoleiro para transformá-lo num marco turístico do estado

Bill Richardson, governador do Novo México, EUA, conhece bem o currículo do pistoleiro Billy the Kid. Mas nem que seja a última coisa a fazer no mandato, que termina no início de 2011, garante que vai bater-se pelo perdão das 21 mortes que são atribuídas ao lendário assassino.


Porque em política costuma dizer-se que não há almoços grátis, veremos que não se trata de uma iniciativa desinteressada. Mas já lá iremos. Centremo-nos agora no cadastro em questão.

Quem conta um conto
Diz a sabedoria popular que "quem conta um conto, acrescenta um ponto". No caso de Billy the Kid, alcunha de Henry McCarty, é bem possível que tenham acrescentado umas quantas vítimas. Pelos menos, é isso que defende o jornalista e historiador Michael Wallis na biografia "Billy the Kid: The Endless Ride".


Segundo o autor, o fora-da-lei terá assassinado "apenas" quatro pessoas, entre elas dois ajudantes do xerife de Lincoln (Novo México), alvejados por Billy the Kid para fugir da prisão onde aguardava a execução - acabaria por morrer, em Julho de 1881, aos 21 anos, no Forte Stanton, com um tiro à queima-roupa de Pat Garret.

Jogador profissional de póquer, senhor de uma pontaria e rapidez tal que conseguia acertar seis vezes numa moeda antes que ela caísse no chão, contemporâneo dos maiores salteadores de bancos da história da América, a vida de Billy the Kid no crime começou cedo: aos 16 anos, em 1875, foi apanhado e preso por roubar queijo; dois anos depois, era procurado por assaltar uma lavandaria (não levou dinheiro, só roupa), dando início à sua vida de fugitivo.

O resto é história: envolveu-se em dezenas de tiroteios e numa guerra civil no condado de Lincoln, que espalhou o terror no Velho Oeste. A fama póstuma viria com uma biografia sensacionalista, "The Authentic Life of Billy, the Kid", escrita pelo xerife que o matou, Pat Garret, que serviu de inspiração a a muitos realizadores que ainda estava para nascer.

Ícone Agora, Bill Richardson, qual agente de viagens, quer reabilitar a imagem de Billy the Kid para começar a lucrar: primeiro limpa-se o cadastro, depois transforma-se o túmulo do cidadão mais famoso do seu estado numa atração turística. Para isso, terá que esperar pelos resultados da investigação de um grupo de cientistas que está a comparar os restos mortais de Catherine McCarthy, mãe do bandido, com aqueles que se acredita pertencerem a Billy the Kid. Depois, pode começar a cobrar entradas.

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