CHAPLIN LIVE

Charles Chaplin tem museu na Suíça

O conceito é ambicioso e se chamará "Chaplin's World". O museu será instalado na residência em que a família Chaplin morou,.em Vevey, oeste da Suíça. Os promotores garantem que Chaplin não será traído.

por Isabelle Eichenberger

"Estou muito feliz pelo fato de a ideia estar quase dando certo", disse Michael Chaplin, presidente da Fundação Charles Chaplin, na apresentação do projeto definitivo do museu em homenagem a seu pai.

A fundação e a Chaplin Museum Development SA convidou a imprensa para uma visita à propriedade em que viveu Sir Charles Spencer Chaplin e sua numerosa família de 1953 até sua morte, no Natal de 1977.

O promotores anunciaram que o pedido de permissão para construir o museu foi apresentado em 21 de novembro e que a autorização deve sair em janeiro ou fevereiro do ano que vem.
"Se tudo correr bem e não houver oposição, a construção vai começar em junho de 2010 e o museu será aberto dois anos depois", precisa o arquiteto Philippe Meylan, responsável do projeto.

Passaram-se quase dez anos para que esse projeto ambicioso se concretizasse, um percurso cheio de obstáculos, como recursos na Justiça, oposições, dificuldades financeiras e polêmicas.
Aproveitando a "reta final de procedimentos públicos", segundo as palavras do prefeito do vilarejo de Corsier-sur-Vevey, onde está a propriedade da família Chaplin e onde deverá funcionar o futuro museu, o projeto final foi apresentado. "Museu dos tempos modernos"

Resumindo, a propriedade do século 19 será reformada para que os visitantes "revivam a intimidade dessa família mítica" e seus visitantes célebres – até Michael Jackson dormiu na garagem.

Os jardins também serão reformados e será construída uma ala de exposições (55 x 17 metros) inteiramente dedicada à obra cinematográfica de Chaplin.

Haverá ainda uma loja, um bar, uma sala de teatro com 200 lugares, um estacionamento, uma linha de ônibus, uma via de acesso para pedestres e uma ciclovia, para que cada um possa escolher seu modo de chegar até o museu.

Os custos do projeto são avaliados em mais de 50 milhões de francos (15 milhões para a cenografia do museu). A vista é gratuita para os jardins, o lago Léman e os Alpes franceses. "É uma das mais belas paisagens da região", diz Philippe Meylan. O local fica ainda bem perto das vinhas do Lavaux, tombadas como Patrimônio Mundial da Unesco.

Philippe Meylan e seu parceiro, o museólogo canadense Yves Durand, explicaram que a denominação Museu Charles Chaplin foi substituída por "Chaplin's World, The Modern Times Museum", como forma de manter a dimensão universal da obra de Chaplin.

Apoiando-se em uma citação do próprio Chaplin, "sou um cidadão do mundo", os promotores dizem que querem fazer "mais do que um museu", no limite entre os universos do divertimento e da cultura, sensível à linguagem das crianças e das famílias do novo século.

Para isso, vão utilizar as novas tecnologias, associando cenografia, multimídia, imagens tridimensionais e de alta definição, acústica de última geração, efeitos especiais, virtualidade e cinematografia. Os Chaplin, como esses dois irmãos, são uma uma família com muitas histórias.

Com a sede mundial situada na mesma região, a Nestlé vai financiar parte do projeto (as cifras não foram reveladas) e seu logotipo será bem visível, com sua marca Nespresso, divuldada pelo ator George Clooney. Outro patrocinador será a Alingh, a equipe de vela atualmente campeã da tradicional Copa da América.

Roland Decorvet, diretor-geral da Nestlé Suíça proclamou sua fé "nesse projeto inovador de dimensões internacionais", essa "atração que Vevey aguardava há muito tempo."

Um dever de excelência
Mas os museólogos apaziguam as primeiras inquietudes. "A personalidade de Chaplin nos impõe um dever de excelência e de inovação para sermos dignos do homem, do artista, do cineasta, do cidadão", disse Yves Durant. "É um desafio exigente e esperamos estar à altura. Não vamos falar em seu lugar, porque o que conta é lhe dar a palavra, suas imagens, sua música, sua obra excepcional e autosuficiente por sua universalidade. Temos arquivos para fazer exposições temporárias por no mínimo 20 anos, sempre renovando", explica Durant.

Para elaborar o conceito cenográfico, Yves Durant teve a colaboração de François Confino, um homem de renome internacional.
O francês, que já trabalhou em grandes projetos, se diz "extremamente intimidado". Trata-se de "não ultrapassar a realidade ou a ficção e mostrar Charles Chaplin em sua autenticidade. Nós recusamos fazer uma Disneilândia com o personagem, simplesmente queremos homenageá-lo."

Lembrar o homem
"O projeto visa, portanto, lembrar o homem, sua família, seu trabalho, sua relação humanista com o mundo e seus amigos. Gostaríamos que o visitante viesse como um convidado do dono da casa", explica, acrescentando que a família Chaplin insistiu para que o pai não fosse tratado como uma "estrela". As pessoas deverão sentir aqui "a presença física de Chaplin."

Com relação ao novo espaço a ser criado, será "um percurso de 2 mil metros consagrado à obra cinematográfica, onde o visitante poderá entrar no mundo do cinema. É muito acrobático, mas difícil porque é preciso evitar o kitsch."

E a família, não vai perder suas raízes? Michael Chaplin acha que não. "Eu sempre pensei que essa casa deveria pertencer a todos os que admiravam meu pai. Eu e meu irmão retomamos a casa depois da morte de nossa mãe e nossos filhos viveram o mesmo paraíso que nós. Mas nossos filhos cresceram e as despesas da casa eram muito onerosas", afirma.

Ele acha que o conceito museográfico "tornará o lugar ainda mais mágico e atual o encontro das crianças de hoje com a obra de luz e sombra tão característica de nosso pai."

"Meu pai merecia"
Por sua vez, Eugene Chaplin também parecia satisfeito. "Esta casa, que me lembrará sempre a visão de meu pai e de minha mãe juntos, está abandonada e fico contente que ela reviva. Meu pai merecia isso e o projeto é muito inovador. Espero que o nome mude porque o termo "Chaplin's World" é um clichê e esse não é o objetivo."

Se não houver oposições ou algum acontecimento inesperado, Philippe Meylan e Yves Durand se dizem confiantes de que o museu ganhe forma, de uma maneira ou outra, em um futuro próximo. "Assim que obtivermos a permissão para construir, poderemos garantir que esse projeto vai sair", diz Philippe Meylan.

Adaptaçã0 - Claudinê Gonçalves
http://www.swissinfo.ch/
LIVRO

¡Que viva la música!

Autor - Andrés Caicedo

Sexo, drogas y 'rock & roll' na Colombia dos anos 70. La novela póstuma de Andrés Caicedo, '¡Que viva la música!', cuenta el drama social de una joven de clase alta que llega a convertirse en prostituta tras abandonarse a una vida de desenfreno

por Fatima Cruz, Madrid
06.08.2010

Nadie debería vivir más de 25 años. Esto es lo que pensaba el escritor colombiano Andrés Caicedo, y así lo cumplió. El cuatro de marzo de 1977, después de recibir de la editorial el manuscrito previo a la publicación de su novela ¡Que viva la música! (Norma), se suicidó tras ingerir una elevada cantidad de barbitúricos.

Tenía 25 años. La mayoría de sus obras, que a menudo reflejan los problemas sociales, fueron publicadas póstumamente. El interés y empeño de sus amigos, que recopilaron sus guiones de cine, críticas y cuentos para publicarlos, le han dado a conocer más allá de las fronteras de su país.

"Es un Rimbaud colombiano", dice de Caicedo la escritora Nuria Amat. Muchas veces se le ha comparado con el poeta y escritor francés del siglo XIX, ya que ambos comparten su obsesión por la juventud, la muerte y el abandono.


¡Que viva la música! es la historia de María del Carmen Huerta, una adolescente de clase alta de la ciudad de Cali (Colombia), hija de un fotógrafo, que cansada de una vida insustancial se abandona a la fiesta, el sexo y las drogas.

En un primer momento la joven se reúne con un grupo de amigos de ideología marxista. Juntos leen El Capital, fuman marihuana y escuchan a los Rolling Stones. Pero a María del Carmen eso no le parece suficiente, por lo que se introduce en los bajos fondos y descubre su habilidad con la salsa. Después de viajar por todo el país y conocer a numerosos personajes, algunos atracadores y asesinos, comienza a ejercer la prostitución.

El eje de la vida de la protagonista es el baile. El rock y la salsa le hacen sentir poderosa. Caicedo utiliza este simbolismo para comparar el baile con la vida, donde también hay que saber dar bien los pasos. El lenguaje de la novela es muy local, ya que Caicedo utiliza vocablos muchas veces incomprensibles para los lectores no colombianos, así como palabras propias de la jerga de la droga. A pesar de todo, esto no dificulta la lectura ni la comprensión

"Se trata de un libro único, atrevido, verdadero", asegura Nuria Amat, quien destaca de Caicedo "la voluntad impía contra el orden literario". Si además no conoce Cali, esta novela detalla con toda claridad las calles, plazas y parques de esta ciudad, también conocida como la capital de la salsa.
www.elpais.com/

CINEMA

Fstival de Locarno aposta nos jovens diretores

Duzentos e nove longas-metragens, cinquenta estreias mundiais e vinte estreias de cineastas: o Festival Internacional de Cinema de Locarno na sua 63° edição se destaca pelo número de jovens diretores.
Na competição principal, um filme brasileiro: "Luz nas trevas - a volta do bandido da luz vermelha", dos diretores Helena Ignez e Ícaro C. Martins.


por Pierre-François Besson e Alexander Thoele
15.07.2010

"Locarno não é um festival especializado. Não escolhemos os filmes por uma temática. São os próprios filmes que fazem o festival", explica Olivier Père, novo diretor artístico para justificar sua programação altamente fragmentada, sem nenhum fio condutor.

"Estamos aqui para criar surpresa, que pode passar por audácia, provocação e emoção", continua explicando o sucessor do ex-diretor Frédéric Maire. "O importante é criar uma surpresa artística, uma descoberta, uma relação forte entre o espectador e os filmes."

Essa é a abordagem assumida pelo novo chefe de "conteúdo" do mais importante festival de cinema da Suíça, um encontro que não se destina apenas ao público suíço ou europeu, mas "mundial", como ressalta seu presidente.

Marco Solari estava presente na coletiva de imprensa organizada na prefeitura da cidade de Berna, onde explicou como o orçamento do festival em Locarno passou de 4 a 11,3 milhões de francos, dos quais apenas um quinto é autofinanciado. Essa progressão é uma necessidade, como acrescentou, "para manter a qualidade e as perspectivas futuras do evento."

Apelo ao governo federal

Se o cantão do Ticino, sul da Suíça, e a iniciativa privada dão um forte apoio financeiro, muitos diretores sentem a falta de uma maior participação do governo federal helvético. Segundo Solari, o aporte estatal poderia aumentar para 400 mil francos. Ao mesmo tempo, ele considera que não seria ruim se o Estado patrocinasse mais intensamente outros festivais de cinema do país, "primos pobres" do Festival de Locarno em sua opinião.

O que importa é o cinema. E cinema jovem, pois este ano, com aproximadamente vinte películas de estreia de diretores, o foco central das diferentes seções do festival está nas novas gerações de diretores. Olivier Père se alegra quando afirma que Locarno "mostra uma grande curiosidade em relação a todos os gêneros e formas de produção, sobretudo as independentes."

Também Locarno recebe em 2010 aproximadamente cinquenta estreias mundiais e filmes dos quatro cantos do planeta. Muitas produções francesas, mas também "uma forte presença da Romênia, de filmes originários dos países balcânicos, escandinavos, da América do norte e do sul e da Ásia", comenta Père.

Em competição

Dezoito longas metragens disputam o principal prêmio do festival, o Leopardo de Ouro. A continuação de um dos mais importantes filmes do cinema marginal brasileiro, rodado em 1968, "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla (1946- 2004), é um dos filmes na principal mostra competitiva.

Com o roteiro deixado por Sganzerla, quem assume a direção nessa nova versão é Helena Ignez, viúva do diretor, ao lado de Ícaro Martins. No principal papel feminino, o longa-metragem conta com a participação da filha da diretora com o cineasta, Djin Sganzerla, que no filme contracena com seu marido, o ator André Guerreiro Lopes.

Da competição participam também dois filmes suíços, em estreia mundial: "Songs of love and hate», de Katalin Gödrös e "La petite chambre", de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, com o ator Michel Bouquet.

Outra competição importante, a "Cineasta do presente", recebe filmes que foram os primeiros ou segundos realizados pelos diretores participantes. Essa mostra se vê como um trampolim internacional e um laboratório. No total são 19 filmes, dos quais se destacam o documentário do suíço Stéphane Goël, intitulado "Prud’hommes".

Os novos talentos também têm sua competição em Locarno. Uma seção onde se destacam autores internacionais, mas também suíços, consagrada aos filmes de diretores que ainda não conseguiram rodar um longa-metragem. E como essa seção, intitulada "Pardi di domani" festeja seus 20 anos de existência em 2010, os cinéfilos terão direito a uma retrospectiva de filmes marcantes de cineastas que hoje em dia fizeram um nome na praça.

"Fuori concorso", a seção fora do concurso, apresentará obras recentes de cineastas como Lionel Baier, igualmente membro do principal júri, Jean-Marie Straub ou Emmanuelle Demoris e seu ciclo de documentários "Mafrouza" dedicado à vida em um bairro pobre de Alexandria.

Apoio e homenagens
Com o apoio da Cooperação Suíça (DDC, na sigla em francês), órgão estatal de ajuda ao desenvolvimento, 12 filmes da Ásia central e cineastas importantes dessa região estão participando da seção "Open Doors". Durante o festival, os cineastas e produtores desses países serão auxiliados a encontrar co-produtores na Europa.

Além disso, o festival de Locarno também será, como todos os anos, palco de homenagens. A primeira delas é ao diretor suíço Michel Soutter, por ocasião da publicação da sua obra em DVD, mas também do italiano Corso Salani, falecido prematuramente em junho.

O diretor italiano Francesco Rosi - que estará presente em Locarno - o artista plástico Philippe Parreno e o ator americano John C. Reilly, figura emblemática do cinema independente dos anos 90, que lança seu filme "Cyrus", também serão homenageados durante o festival.

Outro grande momento para os cinéfilos, além da projeção de filmes importantes da história do cinema: a retrospectiva Ernst Lubistch, um mestre incontestado da comédia. O destaque para essa ação será a projeção na famosa Piazza Grande (a grande praça de Locarno, onde ocorre diariamente a exibição dos principais filmes) de "To be or not to be", com uma mesa-redonda, análises de especialistas e críticos de cinema e também a presença da filha do diretor.

Lugar emblemático
Enfim, a Piazza Grande continua sendo "um lugar emblemático do festival" ao receber até oito mil espectadores por noite, como lembra o diretor artístico Olivier Père. Lá são oferecidos "filmes de autor com vocação de serem populares."

Em 2010, o filme escolhido por Père para abrir essa mostra não competitiva vem da França: "Au fond des bois", de Benoît Jacquot, também em estreia mundial. Outros exemplos da programação na praça: "L’avocat», com o ator Benoît Magimel, "Das letzte Schweigen", thriller alemão de Baran bo Odar ou "The ugly duckling", filme de animação do russo Garri Bardine.

A Piazza acolhe também dois filmes suíços. Em primeiro lugar, a biografia filmada de "Hugo Koblet – o ciclista com charme", de Daniel von Aarburg, e "Sommervögel", primeira ficção do documentarista Paul Riniker, para concluir o festival.

Swiss Films, órgão de promoção do cinema suíço, propõe também sua própria seção, que compreende neste ano 14 filmes "com um forte potencial internacional". Dentre eles, o último do diretor francês Jean-Luc Godard.

O FESTIVAL

O Festival Internacional de Cinema de Locarno ocorre de 4 a 18 de agosto de 2010.

O júri da competição internacional é composto por Eric Khoo (diretor de Cingapura), Golshifteh Farahani (atriz iraniana), Melvil poupaud, (ator francês), Lionel Baier (diretor suíço) e Joshua Safdie (diretor americano).

Leopardo de Honra
O prêmio dado a um cineasta pelo conjunto da sua obra será entregue, em 2010, duas vezes.

Em primeiro lugar, a Alain Tanner, um dos maiores cineastas suíços, autor de vinte e cinco filmes dos quais se destacam "Charles mort ou vif", "Les Années lumières" ou "Dans la ville blanche".

Em segundo, ao chinês Jia Zhang-ke, nascido em 1970 e autor de nove longas-metragens, dos quais "Plateform", "Still life" e "The world".

O prêmio "Raimondo Rezzonico", entregue a produtores independentes, será dado em 2010 ao israelense Menahem Golan (Godard, Altman, Schroeder, Chuck Norris…).

A atriz Chiara Mastroianni receberá um prêmio de excelência pelo seu trabalho.

FLAMENCO

La lámpara minera cumple 50 años

El Festival de Cante de Las Minas de La Unión, descubridor de talentos del flamenco como Miguel Poveda, Israel Galván o Vicente Amigo, celebra sus bodas de oro

por Angeles Castellano
06.08.2010

Todo empieza, como casi siempre, con una anécdota. Una historieta curiosa y simple, protagonizada por Juanito Valderrama, que desencadena una acción. Y de aquella acción hace ahora 50 años.

Un grupo de aficionados, entre los que estaba el entonces alcalde, Esteban Bermal, se dio a la labor de conservar los cantes de la zona, muy en desuso y caídos en desgracia por una parte del público local, y eso, que en un inicio tomó forma de concurso de cante, es hoy un referente como descubridor de talentos flamencos, además del festival flamenco veterano en España.

Esta noche, en el antiguo mercado de La Unión, sede actual del festival, actuará Enrique Morente, uno de los referentes del flamenco actual y un rendido admirador de este certamen y de los cantes que pretende conservar y difundir, los mineros. Será la segunda de las galas de seis previstas antes de que dé inicio el plato fuerte del festival: el concurso de cante, descubridor de talentos como Miguel Poveda, Vicente Amigo o Israel Galván.

Que hoy, 50 años después, esto pueda ocurrir, parece un milagro a los ojos de Manuel Navarro, director adjunto del festival. "Esta no es una ciudad de tradición flamenca como puedan ser otras en Andalucía, ni es una ciudad con poderío económico ni industrial. Aquí se han dado unas circunstancias que casi podemos llamar pequeños milagros, que han dado lugar a lo que es hoy el festival".

La Unión es un pueblo pequeño murciano, de poco más que 18.000 habitantes. Tiene un solo hotel, no es un lugar turístico. Se define como un pueblo "minero y flamenco". Al menos, así lo dice el cartel que da la bienvenida por carretera desde la vecina Cartagena. Tampoco es uno de los municipios con más historia de España: el aniversario del festival coincide con el 150 cumpleaños de la fundación de la localidad.

Pero su historia está ligada necesariamente al arte jondo, que trajeron los inmigrantes andaluces asentados en la zona, atraídos por el trabajo en la mina, abundante en la época. El trabajo bajo tierra traía consigo su propio canto, que mezclado con el floklor local hizo que se desarrollase una variante autóctona de flamenco, los cantes mineros.

Primero fueron los cafés cantantes en los que los mineros se divertían, lugares de perdición abiertos hasta el amanecer, donde se interpretaban y disfrutaban los cantes. Luego, cuando éstos fueron prohibidos, tímidamente, se fueron organizando pequeños recitales con cantaores locales. Desde principios de los 60, época en la que los concursos flamencos hacían furor especialmente en Andalucía, aquí, de manera modesta, se inició este, cuyo premio máximo es al que mejor interpreta el cante local, y que año tras año iba añadiendo elementos que lo fueron fortaleciendo.

El último ha sido la creación de la Fundación de Cante de las Minas que, como cuenta el alcalde, Francisco Bernabé, dará una mayor solidez y solvencia económica al festival, "aunque en la práctica no se va a notar la diferencia, porque el patronato delega en una comisión organizadora, que es la misma que venía encargándose del festival hasta ahora".

Con un presupuesto de 650.000 euros, una cifra modesta para un festival de estas características, este año se añaden a las dotaciones del Ayuntamiento de La Unión y el Gobierno de la Región de Murcia, las aportaciones de la Junta de Andalucía, el ministerio de
Cultura a través del Instituto Nacional de las Artes Escénicas y Musicales (INAEM) y dos entidades privadas.

Miguel Poveda: punto de inflexión
Antes que él, muchos estuvieron en La Unión para participar en el concurso o disfrutar de las galas y el flamenco local. Pero el nombre del Festival de Cante de Las Minas va asociado, desde los años 90, a Miguel Poveda. Ni el certamen ni el cantaor serían lo que son hoy el uno sin el otro. Poveda arrasó en el concurso, y agradecido como es, ha llevado el nombre del festival y sus cantes por todos los escenarios en los que actúa. "La historia de Poveda con La Unión es como el cuento de Blancanieves, es único", explica Navarro, un rendido admirador del cantaor badalonés.

Pero como decíamos, muchos otros antes que él intentaron conseguir la Lámpara Minera, el preciado trofeo que abre las puertas de una carrera en el flamenco. Hubo algunos, incluso, que lo hicieron año tras año. Es el caso de Ildefonso Pinto, cantaor fallecido recientemente, que se presentó al concurso durante 20 años, hasta lograr el máximo galardón, otorgado por un jurado elegido para la ocasión cada año.

"El jurado es intocable y tiene que ser gente de fuera, de mucho prestigio", explica Francisco Bernabé, alcalde de La Unión. "Hay dos equipos: el que hace la primera selección, que este año se ha hecho en 14 pruebas en diferentes localidades fuera de La Unión, enviado desde la Fundación".

Ellos eligieron los 33 participantes que protagonizarán las semifinales y final de cante, toque y baile la semana que viene. "Para la final se elige a gente que no tenga relación con los artistas, que tenga un prestigio en el flamenco, que pueda valorar la manera de hacer los cantes".

La historia del concurso tiene entre sus anécdotas, en estos 50 años, episodios de desacuerdo entre el público y el jurado a la hora del fallo. "Yo recuerdo que más de una vez han volado sillas al escenario y el jurado haya tenido que salir escoltado del recinto", explica Navarro, vinculado a la organización del festival desde los años 80. "Ten en cuenta que unas lámparas mineras se han dado con un 5,5 y otras con un 9,5. Las dos notas están por encima del aprobado, pero no es lo mismo una que otra". Alguna vez, como ocurrió en 91, incluso han dejado desierto el premio principal.

Lo que se pretende en este certamen, explica Navarro, es descubrir los nuevos talentos. Para esto, incluso, hubo que cambiar las normas a lo largo de estos 50 años de celebración. "Había gente que se presentaba una y otra vez, los típicos profesionales de los concursos", dice Navarro. "Y no tiene tanto sentido que nosotros premiemos a un señor de 70 años, aunque alguna vez lo hemos hecho, pero no es un premio de reconocimiento a una trayectoria, sino de servir de descubridor de gente con cualidades".

Este año, alrededor de 140 jóvenes se han presentado para lograr los 63.500 euros en premios que otorga el festival, y más que eso, el inicio de un camino de éxitos. De ellos, sólo 33 estarán en las últimas pruebas. Quién sabe si entre ellos esté, hecho un manojo de nervios y con la cabeza llena de sueños, el próximo gran nombre del flamenco.
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JOGO

En busca de la fiambrera perdida

'Geocaching', el juego que consiste en encontrar cajas con ayuda de un GPS, puede practicarse en solitario, pero sus seguidores lo aprovechan para entablar nuevas amistades

por Rodrigo Carretero
05.08.2010

Hay miles, aunque casi nadie los ve, y pueden estar en cualquier sitio. Entre unos matorrales, cerca de una estatua, en una fuente o al cobijo de paredes falsas. Es difícil encontrarlos por casualidad y sus características no llaman demasiado la atención: pequeños objetos que no suelen tener mucho valor económico metidos generalmente dentro de fiambreras. Así son los caches o tesoros, las cajas más preciadas para los seguidores del geocaching, un juego considerado deporte por algunos que cada vez tiene más adeptos en todo el mundo.

El objetivo de los geocachers, como se denomina a los participantes de esta actividad, es encontrar esos tesoros con ayuda de un GPS. Previamente han tenido que apuntar las coordenadas en las que se encuentra la fiambrera. La página oficial del geocaching reúne las localizaciones de todos los Vocabulario 'geocacher'.

La noticia en otros webs caches que hay en el mundo y es donde quien esconde un objeto debe indicar su situación. "Aunque en teoría puede parecer una tarea sencilla porque sabemos las coordenadas, en realidad no es tan fácil", explica Antonio Bastante, miembro de la junta directiva de Geocachingspain , un club en el que están registradas casi 500 personas. "Los GPS tienen un margen de error de 5 ó 6 metros y los tesoros están muy escondidos", explica.

El juego se complica aún más si, en lugar de en una ciudad, se desarrolla en zonas montañosas con rocas. "En ese caso, el error del GPS es mayor y diez metros arriba o abajo pueden hacer que subas a un pico y que el cache esté en una hondonada o viceversa", comenta Bastante.

En otras ocasiones, las coordenadas solo guían hasta una pista o adivinanza intermedia que hay que resolver para conocer el siguiente punto de referencia. "En las grandes ciudades están escondidos muchos tesoros. En Madrid, por ejemplo, hay uno en cada monumento digno de visita, para que la gente pueda conocerlo todo", explica el geocacher Santiago Sánchez López.

Dentro de las fiambreras puede haber objetos muy diversos, pero por lo general nunca falta un cuaderno en el que el participante puede dejar constancia de su hallazgo. También suele haber un pathtag, monedas personalizadas que se intercambian los aficionados. Cuando un participante coge un objeto, siempre debe dejar en la caja otro de un valor similar al que se lleva.

Los jugadores tienen que tener cuidado al volver a esconder el tesoro para evitar que las personas que no conocen el geocaching roben las cajas creyendo, equivocadamente, que contienen objetos de valor. Los aficionados suelen denominar geomuggle a quien no está familiarizado con el geocaching, en referencia a los libros de Harry Potter , en los que se llama muggle a los seres humanos que no poseen habilidades mágicas y desconocen o se muestran reticentes a creer en ellas.

El Geocaching nació hace diez años, cuando el Gobierno de Estados Unidos suprimió la degradación premeditada de la señal de los GPS. Pocos días después, una persona escondió en las afueras de Portland un recipiente con varios objetos. El primero en encontrar aquel tesoro fue Mike Teague, que creó una página web para registrar la localización de todos los que se fueran colocando. Ahora existen en el mundo más de 1.100.000 caches en unos 220 países, según la página oficial del geocaching.

Tesoros en España
En España, hay más de 9.000 tesoros, la mayoría en Madrid y Barcelona. Antonio Bastante señala, sin embargo, que Burgos es una de las provincias en las que más hay en proporción a su número de habitantes. España está, el cualquier caso, muy lejos de países como Alemania, donde hay casi 148.000 tesoros, o del Reino Unido, donde existen más de 66.000.

Estados Unidos es el país con más seguidores y así lo demuestran los datos. Solo en Nueva York hay escondidos más de 18.000 objetos, el doble que en toda España. "Aquí, el jugador que más tesoros ha encontrado tiene unos 7.500. En Estados Unidos, esa cifra la logra cualquiera. Saber cuántos aficionados existen en España es imposible, pero hay 340 personas que han hallado más de 200 objetos", destaca Antonio Bastante. La popularización de los GPS ha provocado que el geocaching se expanda por todo el mundo y llegue a países como Sudán, donde existen cinco tesoros, Camerún (tres tesoros) o Eritrea (uno).

Pero geocaching no es solo un pasatiempo. Aunque se puede practicar en solitario, muchos aficionados aprovechan este juego para entablar nuevas amistades. "Lo más importante de esto es que se conoce a mucha gente. Además, es todo bastante sano, se viene con la familia y casi no fuma nadie y no se bebe", afirma Antonio Bastante.

El geocaching ha creado nuevas formas de entretenimiento más allá del simple juego. El club Geocachingspain, por ejemplo, organiza actividades periódicamente a las que asisten muchos de sus miembros. Pertenecer a este club es gratis y cuando se visita algún lugar o se duerme en algún sitio, la junta directiva solo actúa como intermediario, sin cobrar ninguna comisión.

El último acontecimiento que han organizado tuvo lugar el fin de semana del 31 de julio en Ojo Guareña , Burgos, donde se reunieron más de 60 aficionados al geocaching. Además de participar en búsquedas diurnas y nocturnas, organizaron charlas para conocer la zona, visitaron cuevas e hicieron un descenso en rafting por el Ebro. En estos acontecimientos, Geocachingspain suele convocar también premios de fotografía. Para el próximo viernes 13 han organizado una búsqueda nocturna en la que, según los organizadores, se pasará miedo.
Geocaching, naturaleza y amigos
"Este juego nos permite entablar amistad con gente con la que quizá no tenemos nada en común salvo el geocaching. Gracias a eso es muy fácil iniciar una conversación", comenta Antonio Bastante. "Se conoce a mucha gente. Solo con la creación de un evento sabes que vas a hablar con aficionados de toda España", señala Santiago Sánchez López. "Aquí no hay intereses personales ni competición. Conoces a gente de todos los ambientes a los que nos une esta afición. En cuanto ves a alguien con un GPS ya puedes empezar a hablar con él", asegura el geocacher Antonio Pindado.

El amor por la naturaleza no es necesario para practicar el geocaching, puesto que en las ciudades hay cientos de tesoros. Santiago Sánchez cree, sin embargo, que "el 90% de los aficionados conocieron el juego al comprarse un GPS para salir al monte", lo que demuestra que les gusta la naturaleza.

La mayoría de los jugadores afirman que lo más interesante del juego es, precisamente, conocer lugares que de otra forma pasarían desapercibidos. "Cuando empecé en esto había sitios cercanos a mi casa que no hubiese conocido si no es porque alguien había puesto una cajita allí", recuerda Santiago Sánchez. "Este juego te obliga a llegar a un lugar, y cuando estás allí te fijas mucho más en los detalles del paisaje que si vas haciendo turismo normal", explica Antonio Pindado.
Geomuggle, cache, waypoint, pathtag, geocoin. Términos extraños que giran en torno a una búsqueda de palabras menos misteriosas: amistad, deporte y naturaleza.

Vocabulario 'geocacher'
Cache: Recipiente escondido que contiene objetos de poco valor generalmente.

Multicache: Cache en el que para localizar las coordenadas finales del tesoro hay que ir encontrando pistas. Cada una de las pistas lleva a otra y de esta forma se termina por llegar al cache final. A veces, conseguir todas las pistas puede llevar días.

Mystery o Puzzle: Otro tipo de caches. En este caso, el jugador no tiene unas coordenadas a las que ir para buscar pistas, sino que obtiene la posición definitiva del cache después de resolver jeroglíficos o problemas. Normalmente, se resuelven en casa y luego se sale a por el tesoro.

Pathtag: Moneda personalizada que se intercambian los jugadores. Tienen un número en la parte de atrás que sirve para registrarlas en la página www.pathtags.com y poder dar las gracias a quien regaló la moneda o registrarla en una colección particular. Hay gente que se dedica a coleccionarlas, aunque no sean geocachers.

Geocacher: Buscador de tesoros, jugador o usuario.

Geocoin: Moneda con un número que viaja de cache en cache y a la que se puede hacer un seguimiento. A diferencia de las pathtags, otros usuarios no pueden quedarse con ellas.

Waypoint: Mientras el jugador se mueve con el GPS, puede ir marcando aquellas posiciones o lugares que se consideran de interés (por ejemplo un lugar en el que esconder un cache). A estas posiciones se las denomina waipoints.

Geomuggle: Personas que no conocen el geocaching. Esta palabra procede de los libros de Harry Potter.

Trash Out: Limpiar la basura de la zona en la que se ha encontrado el tesoro.


LIVRO

Eva: ma perché amo Adamo?

por Elena Loewenthal
06.08.2010

Il giardino dell Eden accanto alle cascate del Niagara, una coppia che assomiglia tanto a quelle di oggi: lo spassoso «diario» dei biblici progenitori secondo Mark Twain condividi

Nel pomeriggio di ieri, ho seguito l'altro esperimento per capire, se possibile, a cosa serviva. Ma non sono riuscita a comprendere con assoluta certezza. Credo sia un uomo. Non ho mai visto un uomo, ma ci somigliava, e sono quasi sicura che sia proprio così.

Devo ammettere che provo più curiosità verso di lui che per qualsiasi altro tipo di rettile». Se la curiosità è donna, cominciamo proprio bene. Anzi, in grande stile: mentre Adamo gira per l'Eden nel vano tentativo di costruirsi un'identità approssimativamente virile, Eva è già lì a porsi domande, indagare, classificare (in termini ancora un poco vaghi. Ma in fondo, l'aver preso il primo uomo per un rettile spiega molte cose ). Lo ying e lo yang, il maschile e il femminile, il braccio e la mente: eterni opposti sin dal principio.

Il Diario di Adamo ed Eva è disponibile ora nella autorevole e puntuale traduzione di Romana Petri, e illustrato da Pedro Lino per Cavallo di Ferro editore.

A presentarcelo è l'illustre voce dello scrittore Mark Twain, cui si deve, stando alle sue parole, il formidabile ritrovamento archeologico: «ho decifrato alcuni dei geroglifici di Adamo e ritengo sia diventato decisamente interessante come figura pubblica, tanto interessante da giustificare a pieno questa pubblicazione».

Nella realtà, questo testo sorprendente e spassoso, verace e raffinato è opera sua, del «primo vero scrittore americano», come l'ha definito Faulkner. Fatto sta che nessuno come Mark Twain ha saputo tradurre in letteratura il linguaggio colloquiale del Nuovo Mondo, e persino quello del mondo nuovo in senso ben più lato: «Questo nuovo essere di pelo lungo è un bastone tra le ruote. Mi sta sempre intorno e mi segue da tutte le parti. Ciò non mi piace; non sono abituato ad avere compagnia».

Che narri di se stesso nel tempo in cui navigava su e giù per il Mississippi alla guida dei battelli a vapore, che ritragga i suoi grandi e indimenticabili personaggi come Tom Sawyer e Huckleberry Finn, che si dedichi a dotte «riflessioni sulla scienza dell'onanismo», Twain, ch'è morto giusto cent'anni fa, ha il dono di far sentire chi lo legge accanto a sé, come un vecchio amico. In questo diario egli raffigura i nostri antenati con tutti i vizi, le virtù e le amene assurdità del caso, trasformando i primi passi nella storia in una irresistibile commedia umana. Come è giusto che sia.

Il Diario di Adamo ed Eva (prima l'uno e poi l'altro, rigorosamente separati) sonda quell'inafferrabile intimità della prima coppia, che ha ancora tutto da imparare. Anche se forse non è che si sia imparato gran che, da allora in poi «Non è per via della sua intelligenza che lo amo - assolutamente no non è di certo per le sue maniere gentili e attente o per la sua delicatezza che lo amo Non è per la cultura che lo amo - assolutamente no

Non è per la sua galanteria Allora, perché lo amo?» (Eva). «Adesso ce l'ha col serpente. Gli altri animali ne sono contentissimi perché prima stava sempre a fare esperimenti con loro e a importunarli. Anche io sono contentissimo, perché il serpente parla, e questo mi permette di prendermi un po' di riposo» (Adamo).

Armato della sua inimitabile vena umoristica, Mark Twain fa con Adamo ed Eva due cose rivoluzionarie. La prima è, per ragioni di copione ma soprattutto di sponsor nazionale, collocare il giardino dell'Eden nei pressi delle cascate del Niagara. Non ci aveva mai pensato nessuno, sino ad ora. Ma in fondo perché no.

La seconda è quasi velleitaria (ma tant'è, in fondo lo è anche la prima): sondare l'intimità di quei due, come fossero due qualunque. Cioè noi. È ovvio che l'operazione dello scrittore contempla inevitabilmente una buona dose di ironia, per non dire irriverenza. In parole povere, allergia a tutto ciò che sa di teologico.

Questo diario di Adamo ed Eva è decisamente eretico, oltre che spassoso. Lei parla, articola ragionamenti complessi e nomina le cose. Adamo non la capisce per niente, è esterrefatto ogni volta che le esce «una grande quantità di acqua dagli occhi» proprio perché lui non la capisce.

Mentre la tradizione cristiana considera questa prima coppia umana la responsabile di un peccato originale (in tutti i sensi) che noi discendenti ci portiamo addosso, quella ebraica e l'islamica sono molto più indulgenti, nei loro confronti. Ma forse non è il caso di affrontare questa storia armati di troppi dilemmi teologici: Mark Twain a Dio non ci crede e non ha timore di dichiararlo. Tutto sta nel provare a immedesimarsi in quei due: beati e pasciuti, ma un po' soli e annoiati.

E così, tanto vale affidarsi alle parole dello scrittore con sorridente fiducia, e provare a immaginarli in quel mondo tutto nuovo, non lontano dalle cascate del Niagara, dove tutto è ancora da imparare, a incominciare da una convivenza tollerabile. Come in ogni storia (o fiaba, perché forse di questo si tratta, ci dice Mark Twain) che si rispetti, c'è spazio anche per un lieto fine - o meglio, un lieto inizio: i nostri eroi capiranno ben presto, merito certo dell'ironia simpatetica dell'autore - che amarsi, in fondo, vale la pena.
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MITOLOGIA

A savana sagrada

por Sastre Reis
05.2010

Agimuxa é uma estranha criatura, que percorre o imaginário do continente mãe, desde os tempos ancestrais e míticos.

A grande vantagem de Agimuxa sobre o Homem é que Agimuxa vê pelos pés. Tem uma nítida percepção do terreno que pisa.

Mas tem uma grande desvantagem: não consegue ver mais além, pois os seus olhos estão ao nível do solo.

Agimuxa foi morto por Gamab, Senhor do céu do mundo e do destino do Homem·, o grande arqueiro, portador do arco sagrado e Senhor das flechas.

Tsui goab, senhor da magia, da chuva e do trovão, inunda, para aplacar a sua fúria, a terra com água do céu e ilumina o céu com raios, fazendo troar sobre a terra o eco do trovão. A sua violência é a essência da vida.

Quando a sua fúria se desvanece o verde floresce e a Terra torna-se num local aprazível.

Heitsi eibib é o grande guerreiro e caçador. Graças a ele a Humanidade libertou-se de Ga gorib, monstro descomunal, morto por Heitsi eibib, que o esmagou com uma pedra.

Foi também Heitsi eibib que salvou o 1º Homem, quando este foi devorado por Hai uri, uma criatura saltitante que tinha apenas um lado do corpo e que devorava tudo o que encontrava no seu caminho, sempre em busca da sua outra metade.

O grande guerreiro-caçador retirou o 1º Homem do estômago do monstro e ressuscitou-o.

O dono de todos os monstros é Gunab, senhor do mal, que habita não na savana, na selva ou no deserto, mas no coração dos Homens.

É o arqui-inimigo de Gamab, embora os mais velhos digam que nasceram do mesmo ovo, depositado no Kunene, por uma estranha ave de plumagem dourada, que trouxe o mel para a Terra.

Hoje outros males povoam a Terra. A grande savana é ameaçada e os Homens são escravos de Gunab.

Mas nas terras do fim do mundo, algures no continente mãe, os grandes guerreiros-caçadores continuam a sobreviver, debaixo do olhar atento de Gamab e dos grandes feiticeiros
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LIVRO

Livro lançado na França acusa Psicanálise de ineficaz
05.2010

Le Crépuscule d'une idole, l'affabulation freudienne, de Michel Onfray, lança contra o pai da Psicanálise uma lista de críticas - de homofóbico a charlatão

A um jornal, o autor afirmou que a Psicanálise tem o mesmo poder de cura da homeopatia, o magnetismo, a radiestesia, a massagem do arco do pé ou o exorcismo feito por um sacerdote.

O filósofo francês, que se diz ateísta e anarquista de esquerda, é fundador da Universidade Popular na cidade de Caen, tornou-se best seller e foi devidamente ameaçado de morte ao criticar as religiões monoteístas em seu "Tratado de Ateologia".

Ele classificou as religiões como contos de fada.

- Contra rabinos, padres, aiatolás e mulás, mantenho a preferência pelos filósofos", escreveu.

Onfray também acusa Freud de fracassar na cura de vários pacientes e alterar seus registros para parecer que o tratamento teve sucesso.

O livro polêmico traz uma observação conhecida dos psicanalistas - a de que as teorias freudianas são limitadas pela época e local de criação - a Viena burguesa da virada para o século 20.

- Freud tentou tornar universal uma doutrina que no máximo servia só para ele, diz o filosofo.
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DROGAS DIGITAIS

Ouvir ecstasy, LSD, heroína e marijuana

por Clara Silva
05.08 2010

Não têm químicos, são ficheiros de som que circulam na internet e podem reproduzir os mesmos efeitos de outras drogas. O Instituto da Droga e da Toxicodependência ainda não conhece o fenómeno

Para arranjar uma droga digital não é preciso irmos ao bairro mais duvidoso da cidade ou correr o risco de sermos apanhados pela polícia. Uma pesquisa no Google é suficiente para conseguir gratuitamente um dos ficheiros de som que pretendem reproduzir os mesmos efeitos das drogas recreativas.

"Gate of Hades" é um dos mais procurados na internet. Segundo a descrição no site http://www.i-doser.com/ que, tal como o http://www.i-dose.us/
, é um dos principais agregadores desses ficheiros de drogas digitais -, quem ouvir este som pode esperar "pesadelos, experiências próximas da morte e muito medo".

"Ouvi estático e era quase confortável, mas depois o barulho começou a ficar mais intenso e fiquei mesmo assustado", contou ao i Gabriel (nome fictício), de 23 anos, que experimentou o ficheiro quando estava sozinho em casa. Durante os 30 minutos de "Gate of Hades" manteve-se de olhos fechados, auscultadores nos ouvidos e com as luzes da sala apagadas, tal como manda o site da i-Doser. "Foi puro susto e nada parecido com as drogas que tomei na vida [marijuana e cogumelos]. Não quero ouvir aquilo outra vez."

Magda (nome fictício), de 22 anos, também não relacionou o efeito de "Gate of Hades" com o das drogas que já tomou. "Estava de olhos fechados, encostada à cabeceira da cama e comecei a adormecer a partir dos 7 ou 8 minutos", diz. "Não deu para perceber se foi por ter ouvido aquilo ou porque estava cansada depois de um dia de trabalho." De repente acordou com "o coração a sair da boca e um bip-bip horrível", conta. "Se não fosse essa última parte, até era um bom som para adormecer."

Além do "Gate of Hades", que pode ser descarregado gratuitamente, o site da i-Doser tem disponíveis sons com nomes sugestivos como orgasmo, ecstasy ou heroína. Um CD com 6 ficheiros custa 16,36€ e, a avaliar pela quantidade de mensagens deixadas no fórum do site, existem muitos compradores." Na minha cabeça estava a ser beijado por uma Na''vi do planeta Avatar", relata Bryan que experimentou o ficheiro First Love.

Segundo o site, os efeitos conseguem-se através das "batidas binaurais", isto é, quando cada ouvido recebe uma onda sonora diferente. "Este tipo de som chega a regiões do cérebro viradas para a detecção de sentimentos de satisfação como aqueles provocados pelo álcool ou pelas drogas", explica ao i o neuropsicólogo Manuel Domingos. "Alguns são anárquicos, não têm frequência nem tom definidos e quando lhes somos submetidos de forma prolongada, podemos ficar com danos cerebrais, alterações de consciência ou de comportamento."

Nos Estados Unidos, onde muitos jovens começaram a filmar as suas experiências com drogas digitais e a pô-las no YouTube, uma escola em Mustang enviou uma carta ao pais dos alunos a alertar sobre esta tendência. Em Portugal, João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência desconhece o fenómeno: "Não tenho informação do impacto que isso possa ter no meio português."
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LIVRO

Ken Follet. "Não tinha dinheiro para consertar o carro, escrevi um livro"
31.07. 2010

Foi um jornalista mediano até o seu carro se avariar. O autor de "Os Pilares da Terra" explica como nasceu o bestseller, agora adaptado à TV

Incluir o seu nome numa lista de bestsellers parece hoje em dia uma tarefa fácil para Ken Follett, porém só depois de várias tentativas é que este autor conseguiu lá chegar. Follett passou grande parte dos anos 70 a trabalhar como jornalista e editor de livros no Reino Unido antes de escrever os seus primeiros romances - nenhum deles vingou.

A reviravolta aconteceu em 78 com "O Buraco da Agulha", um thriller de espionagem passado na Segunda Guerra Mundial assente numa pesquisa meticulosa. "Os Pilares da Terra", o seu épico de 89 sobre a construção de uma catedral na Grã-Bretanha medieval, foi outro grande êxito, seleccionado para o Clube do Livro da Oprah e gerando uma sequela em 2007, "Um Mundo Sem Fim". "Os Pilares da Terra" também foi adaptado à televisão numa mini-série que estreou recentemente nos EUA. O elenco inclui Ian McShane, Donald Sutherland e Rufus Sewell.

Que conselho daria às pessoas que acham que as suas carreiras não têm segundo e terceiro actos?

Bem, para as pessoas que querem escrever bestsellers, o melhor conselho que posso dar é que o romance tem de cativar o leitor emocionalmente. Todas as coisas dramáticas que acontecem nos thrillers - perseguições, interrogatórios, engano, romance - só funcionam se os leitores se preocuparem com as pessoas envolvidas. Dois homens a lutar ao murro pode ser mecânico e aborrecido, como ver dois bêbedos a bater-se na rua.

Quando ainda era jornalista o que o levou a escrever o primeiro livro?

O estímulo foi uma crise financeira. O meu carro avariou e não podia arranjá-lo. Outro repórter do jornal tinha escrito um thriller e havia recebido um adiantamento de 200 euros, que era exactamente a quantidade de dinheiro que precisava para arranjar o carro. Não me tinha apercebido, até a vida me mostrar, que era um jornalista mediano e que podia ter qualquer coisa especial como escritor.

Não parece ter problemas em mostrar confiança no seu trabalho, o que não encaixa muito bem no estereótipo do escritor inseguro.

No princípio da carreira o meu agente disse-me: "Sabes, o teu único problema como escritor é não seres uma alma atormentada." E é verdade. Muitas pessoas escrevem a partir de uma dor interior. E eu, geralmente, sou um ser alegre.

O que o inspirou a escrever "Os Pilares da Terra", isto é, 900 páginas sobre a construção de uma catedral gótica?

Um dia fui ver uma dessas grandes catedrais e fiquei impressionado. A partir daí interessei-me pelo processo de construção das catedrais, depois interessei-me pela sociedade que construiu a catedral. A determinada altura, ocorreu-me que a história da construção de uma catedral podia ser um grande romance popular. Nem toda a gente concordou.

Quanto tempo demorou a escrevê-lo?

No total, três anos e três meses. Ao fim de dois anos só tinha 200 páginas e senti que estava em crise. E como romancista, a única coisa que se pode fazer para escrever mais depressa é trabalhar mais horas. Então comecei a escrever aos sábados e depois também aos domingos. A dificuldade é apenas a de que temos de estar sempre a inventar mais e mais coisas sobre as mesmas pessoas. Se escrevemos 100 mil palavras de um thriller, está terminado. Só que 100 mil palavras de "Os Pilares da Terra" é tanto quanto isto [abre o primeiro quarto do livro] Essa foi a grande dificuldade.

Foi difícil vender uma obra tão longa para adaptação à televisão ou ao cinema?

Estipulei que só venderia para seis ou oito horas de televisão e, na verdade, isso foi um impedimento para alguns acordos. Tivemos negociações com umas quantas pessoas sobre os direitos, em que elas diziam: "Contratualmente, para o caso das coisas darem para o torto, temos de ter o direito de fazer um telefilme de quatro horas ou mesmo de duas." Mas como é um livro tão especial para mim, estabeleci essa condição e isso impediu-nos de conseguir um acordo até o Ridley [Scott] aparecer e dizer: "Sim, comprometo-me com as oito horas."

É difícil para um autor ver o seu livro modificado e condensado no processo de adaptação?


Não é muito difícil. Olhamos para o actor e dizemos "Ó, meu Deus, não o imaginava com esse aspecto." Matthew Macfayden, por exemplo - na minha cabeça, o prior Philip é um homem pequeno, frágil. A sua força vem da determinação da sua coragem moral. E Matthew Macfayden tem o quê, 1,95 m? É extraordinariamente atraente. Por isso, inicialmente pensamos: "Matthew Macfayden?" Mas aceitamos. Não me importo nada. Diverte-me.

A seguir gostaria de escrever uma coisa um pouco mais pequena?

Tenho um novo livro que irá sair a 28 de Setembro, chamado "Fall of Giants". É um retrato de cinco famílias, uma russa, uma alemã, duas britânicas e uma americana, e segue os seus destinos durante a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a luta pelos direitos da mulher. E é o primeiro de uma trilogia que, espero, contará a história do século XX.

Já recebeu feedback crítico dos seus editores em relação ao livro?

Peço-lhes - exijo-lhes - respostas críticas. Certamente, recebo isso do meu agente.
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HQ
O mundo precisa de um super-herói? Talvez quatro ainda não cheguem

por Luís Leal Miranda
05.08.2010


Frank Miller deixa Batman para trás e cria The Fixer, um super-herói para combater a Al Qaeda. Entretanto Stan Lee desvendou mais três heróis

Era para se chamar "Holly Terror, Batman", mas o novo livro de Frank Miller (autor de "300", "Sin City", entre outros) perdeu o protagonista, cidade-cenário, editora e um terço do nome. "Holly Terror" tem publicação prevista para 2011 mas sem o homem-morcego ou Gotham City.

Miller larga por decisão própria um dos melhores personagens e franchises dos comics norte-americanos. Em compensação cria um super-herói novo: The Fixer, um justiceiro mascarado que vai lutar contra a Al Qaeda na imaginada Empire City - lugar muito semelhante a Nova Iorque.

"Começou como uma reacção ao 11 de Setembro", contou Miller ao Los Angeles Times

.O novo herói é descrito pelo autor de banda desenhada como uma espécie de Dirty Harry que, ao contrário de Batman, "não é uma alma torturada mas sim uma criatura bem ajustada à sociedade". Um indivíduo sociável, treinado pelo exército norte-americano que ao longo do livro mata 100 pessoas.

Sobre a escolha do vilão, a organização terrorista responsável pelos ataques de 11 de Setembro de 2001, Frank Miller explica: "Andar atrás de tipos como o Enigma numa altura em que há tanta maldade por aí pareceu-me imbecil".

Super-heróis e conflitos armados andam de mãos dadas, a passear-se algures entre a ficção e a realidade. Nos anos 40, Capitão América e Superhomem foram a resposta da cultura norte-americana à Segunda Guerra Mundial. The Fixer é a resposta de Miller ao 11 de Setembro, mas não é o único super-herói a sair dos escombros das Torres Gémeas.

O baú de Stan Lee
Parece-se mais com uma daquelas cartolas sem fundo dos mágicos. O criador de Hulk, X-Men, Iron Man e Homem-Aranha, entre outros, anunciou no final de julho a criação de três novos super-heróis. Soldier Zero, Starborn e The Traveller, um detentor de tecnologia extraterrestre, o herdeiro de um império galáctico e um viajante no tempo vão ter séries de HQ, adaptações televisivas e incursões no cinema.

Lee, 87 anos, está a acompanhar de perto ou a participar na adaptação à sétima arte de várias criações suas. Para o filme do Capitão América, o mais patriota dos super-heróis, este octagenário já tem reservado um papel inédito na sua vida - o de vilão.
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CABELO

Granny Chic, a tendência deste Inverno chega até aos cabelos
04.08. 2010

Cada vez que uma celebridade é apanhada pelas objectivas com o menor resquício de raízes brancas, num breve descuido capilar, as mulheres à volta do mundo regojizam-se e comentam o escândalo, “Afinal ela é como nós”.

A ditadura que expulsa os cabelos cinzentos dos cânones de beleza feminina parece agora ter ganho novos contornos. O cinzento esbranquiçado, platinado ou a puxar para o violeta, bem à moda da avó tradicional, anda agora no cabelo de famosas que marcam tendência.

Lady Gaga fez capa da Vanity Fair com longos cabelos prateados. Kelly Osbourne mostrou em primeira mão no Twitter o seu penteado curto em tons violeta. Pixie Geldof não hesitou, na hora em que quis mudar o seu louro habitual “Pus descolorante no cabelo e pronto, apareceu esta cor. Foi totalmente radical. Nem quis mudar o tom para rosa ou outra cor. O cinzento que surgiu pareceu-me genial!”.

Genialidade que alastrou a modelos ( Kristen McMenamy na capa da Dazed and Confused), apresentadoras (Ruby Rose da MTV Australia) e bloggers de moda, entre elas a miúda mais fashion do momento – Tavi Gevinson de 14 anos, que marca presença no mundo da moda com o seu blogue Style Rookie, seguido por mais de 50 mil pessoas.

A tendência não parece ser sinal de qualquer reinvindicação feminista sobre o envelhecer com estilo. Afinal, todas elas têm menos de 30 anos e os tons cinzentos não são sinal de passagem do tempo, mas sim de uma moda passageira.
O look Granny Chic incentiva as mais atentas a vasculhar no armário da avô, onde se podem encontrar os padrões e cortes retro mais apetecíveis da estação.
A tendência que parece estar por detrás desta moda vai da roupa aos sapatos (vejam-se os saltos médios que começam a reaparecer nas vitrines) e a todo o tipo de design de interiores que marca o sucesso do mobiliário vintage e em segunda mão.
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MODERNIDADE

Presos em greve de fome querem Playstation
por Rosa Ramos
05.08.2010
Mais de 100 reclusos do Estabelecimento Prisional de Sintra reclamam há quatro dias melhor comida e acesso à Playstation 2

Estão em greve de fome desde a última segunda-feira. Eles reclamam, há quatro dias, melhor alimentação e uma actualização do regulamento da prisão, que actualmente só permite o acesso à Playstation original.

Os 120 reclusos têm recusado todas as refeições desde o início da semana porque pretendem usufruir de um modelo mais recente, a Playstation 2. Fonte ligada ao estabelecimento explicou ao i que os detidos reivindicam este modelo por permitir "outras funcionalidades, como ver filmes".

Actualmente, o regulamento da Prisão de Sintra prevê que os detidos possam ter duas Playstation originais em cada cela, onde coabitam três presos. As regras permitem também que os reclusos possam usufruir de televisão e rádio, desde que os aparelhos cumpram determinados limites em termos de dimensão.

No que toca às refeições, os reclusos queixam-se de má alimentação. "Em tempos de crise tem de se cortar nas despesas [com a comida], mas mesmo assim não há nenhuma razão para protestarem", garante a mesma fonte.

Além das refeições principais, em Sintra os reclusos têm direito a uma ceia que inclui alimentos como iogurtes, queques, gelatina, fruta "e até gelados", exemplifica.

O protesto estará a ser liderado por uma comissão de quatro detidos "bastante influentes" dentro do estabelecimento, que conta com uma população de 686 presos.

No entanto, segundo outra fonte, a greve tem um duplo objectivo. "O grupo de reclusos que lidera a greve pediu transferência à Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, mas continuam em Sintra", explica. Por isso o protesto será uma forma de "destabilização". Aproveitando-se do ascendente que têm sobre os outros detidos, os quatro reclusos estarão a obrigá-los a aderir ao protesto. "Aqueles que não têm visitas estão a passar fome e alguns admitem que não têm interesse em participar na greve de fome", garante a mesma fonte.

Mesmo assim, e apesar de a iniciativa dos detidos já durar há quatro dias, não tem havido confrontos dentro do estabelecimento prisional.

Contactada pelo i, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais garantiu não ter sido ainda informada da existência de qualquer protesto. http://www.ionline.pt/
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UMA FUTURA ATRIZ PORNÔ COM NOME DE SANTO

São José Correia

por André Rito
05.08.2010

Começou no teatro infantil, faz televisão e cinema. Chorou na sua primeira cena de sexo. "Gostaria de realizar um filme pornográfico"

Na semana passada contactámos a actriz São José Correia, a propósito da estreia do filme "Inimigo sem Rosto". A entrevista ficou agendada para a manhã do dia seguinte com um único senão: "Hoje à noite vou sair", avisou-nos, simpática, a protagonista do filme.

No dia seguinte, meia hora antes do encontro, a mensagem que ninguém queria receber: "Não vai dar". Uma semana depois, foi ela própria a telefonar, e desta vez cumpriu. Chegou maquilhada e bem-disposta, praticamente a horas, para uma conversa de duas horas e uma sessão de fotografias. São José falou abertamente sobre quase tudo: a infância em Almada, o começo da carreira, as novelas, o teatro, as cenas de sexo no cinema. E confirmou aquilo que já todos esperávamos: é uma mulher desassombrada e sem papas na língua.

Estreia hoje um filme que foi rodado há mais de cinco anos. Ainda se lembra da história?
Mais ou menos. Foi um convite que surgiu numa altura bastante feliz da minha vida. Contraceno com o José Wallenstein e o Albano Jerónimo. Na época estávamos a participar numa peça de teatro e, quando acabamos esse espectáculo, fomos os três direitinhos para o filme. Mas com papéis trocados: na peça eu era a mulher do Wallenstein, no filme sou a ex e amante do Albano. Faço o papel de Paula, uma prostituta de luxo.

Como preparou a personagem?


O universo das meninas de luxo não é uma coisa assim tão distante. Conheço algumas mulheres que trabalham nisso. São pessoas muito desprotegidas que precisam da figura do homem para ter segurança. Ao mesmo tempo, essa condição faz delas pessoas muito humanas com uma angústia permanente no olhar. Estou muito curiosa para ver o filme. Acho que vou gostar mais agora do que se tivesse estreado logo a seguir. Quando passa pouco tempo, tenho consciência dos erros que cometi. Agora vou ter uma atitude de espectador com a distância necessária.

Mas chegou a conversar com alguma mulher de programa?

Sou muito rigorosa na preparação dos meus papéis, mas neste caso não foi preciso ouvir testemunhos. Recentemente, na novela "Olhos nos Olhos", fiz de transexual. Aí sim, falei com pessoas, vi filmes, descobri coisas improváveis. Era importante perceber a postura, os movimentos, a forma como usam as mãos. Claro que em televisão, esses detalhes passam ao lado. O trabalho de casa acaba por ser um bocadinho inglório.

Gosta de se ver nas novelas?

Já gostei mais de fazer novelas. Se estreia uma, dou uma espreitadela para ver quem está. Mas não aguento muito tempo a ver. E é sempre um olhar mais profissional, já que não sou espectadora, não gosto muito do tipo de texto nem da representação. A televisão é um meio muito perigoso e difícil para quem vem do teatro e está habituado a ter tempo. Nas novelas isso é impossível.

São um mal necessário na vida dos actores portugueses?

A partir de certa altura a máquina torna-se violenta. E os detalhes, que devem ser cada vez mais cuidados, em televisão tornam-se irrelevantes. Por outro lado, as telenovelas dão um certo conforto financeiro, que te permite ir de férias, comprar roupas, livros, fazer workshops. Essa segurança é importante. Quem o nega é aldrabão.

Ao mesmo tempo isso torna a vida de um actor numa coisa desinteressante.

É verdade, acaba por não se dar valor a esta profissão. A solução é ir fazendo outras coisas, em cinema e teatro. Entrei agora num filme em que fazia de uma stripper espanhola dos anos 70. Trabalhei durante uma semana com uma profissional do Passerelle que me ajudou a fazer uma coreografia. E durante esses dias, vesti completamente a pele de uma stripper. Ia ensaiar às três da tarde e dava um gole de whisky, como se fosse meia-noite e estivesse a trabalhar num desses clubes. Na televisão, se não souber fazer strip, eles fazem um plano da tua mão ou de outra coisa qualquer. E acaba por não se aprender nada.

Dá a sensação que hoje se privilegia a beleza em detrimento do talento. Concorda?

Não há como fugir disso. A televisão é para fazer as pessoas sonhar, como a ficção em geral. Ninguém quer ver um elenco de pessoas gordas e feias, temos de ser justos e realistas. Claro que deve haver um compromisso entre o padrão de beleza e o talento. Mas isso nem sempre acontece. A noção de talento em televisão é uma coisa muito relativa.

Como é que lida com essa ideia, de fazer parte desse jogo?

Já vi cenas minhas muito más. Mas a carreira de um actor não é só coisas boas. Há novelas em que não fico nada satisfeita. Mas compenso-me com o teatro. Vou agora trabalhar numa peça nova, do Rogério de Carvalho, para fazer a "Electra", de Alexandre O''Neill. Vai ser no teatro de Almada, enquanto gravo novelas. O espectáculo tem quatro horas.

Como gere os vários papéis ao mesmo tempo?

Vou andar completamente rota, é uma coisa neurótica. Ao fim do dia não sobra espaço mental nenhum para mim. Passo 24 horas sem pensar em mim, o que é delicioso. Estas duas personagens vão ser completamente opostas. Não sei como vou fazer.

Ensaia muito em frente ao espelho?

Neste trabalho da stripper filmei sempre os meus ensaios caseiros, seguindo a coreografia da tal stripper. Coisa paranóica: colocava a câmara, via o enquadramento, clicava no botão e ia a correr para a frente da lente. Trabalhar ao espelho ajuda muito, mas filmar dá-me outra percepção.

Mudando de assunto. É verdade que queria ser uma advogada rica?

(Risos) Acho que a última coisa que fiz para ser advogada foi seguir a opção de teatro. O tribunal tem qualquer coisa de teatral: tens audiência, discurso, palavra. Se calhar era esse desejo de ritual que estava no meu inconsciente. Lembro-me perfeitamente de fazer a primeira comunhão e de ter adorado decorar o texto, o ensaio, a cerimónia, tudo. Tinha oito anos.

Isso não devia ser um pesadelo para quem dizia ter dificuldades para falar em público?

Era muito tímida e é verdade que nunca gostei de falar para muita gente. Tinha muito medo da avaliação, que é tudo o que um actor não pode temer. É violento, mas é necessário. Em teatro o escrutínio é imediato, se a coisa está a correr mal percebes logo.
Isso desconcentra-a em palco?

Nunca encaro o público, falo sempre para a última filma. Caso contrário é fatal. O grande objectivo do actor é a pequena zona de atenção, que é quando não tens consciência de nada: és tu, os teus objectivos, a tua história. Tens de saber defender-te do público ou do que vai acontecendo à tua volta.

Já viveu alguma situação embaraçosa em palco?

No ano passado fiz os "Monólogos da Vagina", uma peça feita a partir de uma série de textos sobre o universo feminino. O espectáculo começava com um dos meus monólogos. Quando entrei em cena e percebi que alguma coisa estava mal. Ainda havia pessoas a sentarem-se e comecei a ficar muito nervosa. Foi aí que percebi: ''Foda-se, comecei o espectáculo com as luzes acesas''. Metade do que eu tinha dito ninguém ouviu. E fui ficando cada vez mais tensa. No meu terceiro texto, estava tão desconcentrada que fiquei com a boca completamente seca. Os lábios colaram-se aos dentes e disse que tinha de beber água. Entretanto, a pessoa que deveria trazer-me água tinha ido fumar um cigarro e tive de insistir. Depois lá trouxeram. Foi horroroso, a pior estreia possível. Há uns anos também cortei o queixo a meio de um espectáculo. Tenho muitas peripécias.

Apesar de não ter feito o conservatório, teve uma boa escola, o teatro infantil. Não deve haver público mais complicado do que as crianças.

Fiz teatro infantil durante anos. Os miúdos são totalmente honestos, só entram no jogo se os convenceres. Caso contrário, comem rebuçados, falam para o lado, vão à casa de banho e acabou o espectáculo. Eles pressentem o medo, se não acreditam em ti estás feito. Aprende-se muito com a exigência das crianças. Depois disso, acho que o público adulto se torna mais fácil.

Lembra-se da sua estreia?

Foi em Viseu, com uma peça infantil chamada Sopa de Pedras, aos 19 anos. Foi tudo a correr, cinquenta minutos que passaram em cinco. Frenético.

Mas correu bem?

O actor tem um aliado, o cansaço. Não ficas tão rígido nem tão atento aos teus erros. Fomos no próprio dia do espectáculo, montamos, descarregamos a carrinha, tudo. Estava tão cansada que, quando acabou, só disse: ''Ah, estreei.'' Não deu tempo sequer para ficar nervosa.

É a mais nova de quatro irmãos. Era muito protegida?

Sim, de alguma forma vivi aquela coisa de ser caçula e menina. Quando éramos miúdos andávamos sempre à porrada e o meu irmão passava a vida a defender-me. Sempre fui muito miúda de andar na rua, íamos para o Ginjal e para as praias da Costa. Curiosamente, nunca tive muita liberdade para sair de casa à noite. Só aos 17 anos é que comecei a vir para o Bairro Alto. Mas sempre fui muito das brincadeiras, guitarras, djembé. Tive uma juventude simpática, jogava imenso snooker. Houve uma altura que era completamente viciada. Ainda jogo.

A família apoiou a decisão de seguir uma carreira ligada ao teatro?

Quando comecei a fazer teatro foi mais complicado. O meu pai não queria, mas tive sempre apoio da minha mãe e dos meus irmãos. Fazia as coisas às escondidas. Bati o pé, se não batesse provavelmente teria sido advogada. No nono ano fui para Teatro e depois, como não consegui o conservatório, ingressei num curso de formação de actores da companhia do Teatro de Almada e acabei por ficar nove anos a trabalhar lá. Só depois tive contactos com novelas, telefilmes e fui obrigada a abandonar e tornar-me freelancer.

Há sempre uma conotação sexual quando se fala de São José Correia. Lida bem com isso?

Vivo de forma pacífica. Não ligo muito a isso, ou não ligo tanto como a generalidade das pessoas. As pessoas meteram uma imagem minha na cabeça.

Mas a São José não é alheia a essa imagem.

Claro que eu entro no jogo, nas entrevistas que dou e na forma como digo as coisas. Mas é sempre mais pelo prazer do próprio jogo do que propriamente falar sobre mim.

Isso significa que esta entrevista é uma encenação?

Acaba por ser. Quer se queira ou não, tu não és meu amigo. No início cometi alguns erros, falava com os jornalistas como se o fossem. E depois saem aqueles títulos pavorosos.

Nunca se arrependeu de nada do que disse em público?

Tantas vezes...

Como o ter assumido que gostava de pornografia, numa entrevista à "Maxmen"?

Sim, gosto muito de pornografia. Já li e vi mais, é certo. Mas gosto, mexe comigo. Acho que o sexo é muito importante, apesar de não acreditar que seja prioritário. Com a idade vais tendo outras. Mas escrevo e tenho vontade de um filme pornográfico. Sei que é uma coisa que se esgota rápido e que entrar nesse meio a sério não é assim tão interessante. Mas tenho esse projecto.

Isso é uma revelação e tanto...

(Risos) Há uma grande amiga minha que escreveu um livro do género. Já pensei em realizar as histórias dela.

Estamos a falar do "Vírgula, Caralho", deduzo. O que deu à sua amiga para escrever isso?

(Risos) Ela é como eu, gosta imenso de pornografia e tinha acabado de ler as "Onze Mil Vergas", que é nojento mas ao mesmo tempo muito cómico. E pensou: "Bem ou mal, porque é que não escrevo?" Acabou por fazê-lo e eu gostei imenso do livro, acho piada. A pornografia tem a ver com divertimento, não é nada sério.

Como lida com a sua exposição pública?

Tento ignorar. Não ando disfarçada, mas sou discreta a entrar num restaurante ou café. Existe sempre a comparação com os personagens das novelas. ''Ah, afinal é mais gorda, é mais baixa, é mais feia.'' Normalmente não me chateio muito, mas se estiver num dia mau isso deixa-me maldisposta.

É muito abordada na rua?

Nem por isso. Há gente que o faz, e nisto de virem falar comigo na rua há uma coisa que me deixa particularmente feliz: reconhecerem-me pela voz. Não percebo porquê, mas dá-me uma certa vaidade quando elogiam a minha voz. O que não gosto é daqueles que elogiam e depois querem beber um copo, pedem o meu número de telefone.

Alguma vez deu?

Sim, a uma única pessoa. E fiquei arrependida. Ainda hoje me telefona, seja às 9 da manhã ou onze da noite. Há pessoas com parâmetros um bocadinho estranhos. Imagina, por exemplo, uma miúda de 15 anos ter acesso ao telefone de alguém que conhece da televisão. Isso torna-se muito especial na vida dela. Tenho pessoas que vão ver as minhas peças todas e que têm montagens com fotografias minhas. Coisas fabulosas, como posso tratar mal uma pessoa dessas? Mas não lhe posso dar o meu número de telefone.

É verdade que chorou quando fez a sua primeira cena de sexo em cinema?

Sim. Foi num filme de terror chamado "I''ll See you in my Dreams". Era uma cena de sexo puro e duro, sem qualquer tipo de carinho. A indicação do realizador era para ter um orgasmo em 30 segundos. Se simular um orgasmo já é difícil, naqueles trinta segundos era ainda pior. Como se faz isso sentindo um corpo estranho? Não há curso ou workshop que te prepare para a invasão da tua intimidade.

Quantas pessoas estavam?

Quatro, o mínimo dos mínimos. Um operador de câmara e assistente, um assistente de realização e o operador de som. Na régie estavam o realizador e director de fotografia. Estava completamente nua, numa casa velha, em Tondela. A cena foi feita em cima de um cobertor daqueles da tropa, coisa desconfortável e áspera. Tudo era hostil, a forma como a cena se desenrolava, era frio e distante, sexo por sexo. Era quase impossível abstrair-me desses sinais. Até que a meio da cena o realizador perguntou se queria parar e continuar no dia seguinte. Disse-lhe que sim e fui para o quarto chorar. Foi horrível, uma enorme frustração.

E depois, quando viu a cena?

Fiquei cheia de orgulho, acho que até eu acreditei naquilo. Hoje em dia lido bem com essas cenas. Ainda agora fiz o show de strip burlesco com o prazer da exibição, da arte de despir. E como consegui? A beber uns goles de whisky.
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ÓPERA

Lulu se desmelena en Salzburgo
04.08.2010
Una provocadora versión de la obra de Alban Berg deslumbra en el festival austriaco

Una nueva producción de Lulu, la última ópera de Alban Berg inspirada en un par de relatos de Frank Wedekind, siempre levanta una especial expectación: tanto por el morbo asociado al personaje femenino principal, como por la complejidad a la hora de desentrañar con lucidez una partitura llena de matices.

En el Festival de Salzburgo dejaron huella hace 15 años las representaciones protagonizadas por Christine Schäfer, con las direcciones musical y escénica de Michael Gielen y Peter Mussbach. Era una edición la de aquel año centrada en la mujer desde el punto de vista operístico, con lo cual tenían cabida natural desde La Traviata hasta Lulu.

Este año todo rueda en el Festival de Salzburgo alrededor de los mitos, con lo que se ajustan como un guante al objetivo temático las declaraciones de la directora de escena Vera Nemirova al afirmar que ve al personaje de Lulu "más que como una mujer fatal, como una figura mitológica". Mitológica o no, es difícil imaginarse una Lulu que no sea de carne y hueso.

Patricia Petibon lo es, y la directora escénica lo subraya con insistencia en las manifestaciones físicas. Lo previsible ocupa, en cualquier caso, el lugar de lo perverso. De entrada la Felsenreitschule no es, por sus grandes dimensiones, el espacio ideal para una obra de corte intimista en muchos momentos como la de Alban Berg.

Menos aún, si se abre el campo, como dirían los comentaristas de fútbol, planteando una escena completa - la primera del tercer acto, el arreglado por Friedrich Cerha- íntegramente en la sala, con los personajes vestidos de público de gala, moviéndose a lo largo y ancho de toda la platea, brindando y riendo sin parar, en un intento de implicar al espectador que produce un distanciamiento inevitable y, que a la postre, es profundamente antiteatral, pues te saca por completo de la concentración en el drama que, no nos engañemos, debe ser contado para ser eficaz desde el escenario.

Con las limitaciones en la definición de los perfiles sicológicos -o mitológicos- y con la ocurrencia del cambio de ritmo narrativo, el mayor interés de la puesta en escena se desplazó a los decorados del pintor Daniel Richter.

No es la primera vez que Salzburgo implica a un pintor o escultor para visualizar una ópera. Oskar Kokoschka realizó los decorados de La Flauta Mágica en los cincuenta, y aún hay ejemplos anteriores.

En las últimas décadas han puesto sus imágenes a diferentes títulos Robert Longo, Jörg Immendorf, Jean Tinguely, Eduardo Arroyo, Jaume Plensa, Achim Freyer o Jonathan Meese, entre otros. Daniel Richter había debutado con éxito en El Castillo de Barbazul, de Bartok, hace un par de años.

Ahora repite arropado con un par de exposiciones en Salzburgo sobre su obra en la galería Thaddaeus Ropac y en el Rupertinum. A sus imágenes expresionistas y poderosas les vienen de perlas las dimensiones del escenario. Quizás su protagonismo es excesivo, pero la fuerza plástica que transmiten es innegable.

La Filarmónica de Viena estuvo excelsa a las órdenes de Marc Albrecht. Brindaron un sonido depurado, sutilmente elaborado, insinuante y rotundo a la vez. El reparto vocal se movió con coherencia y calidad interpretativa, destacando Franz Grundheber como Schigolch, Michael Volle como el doctor Schön y Jack el Destripador, y Tanja Ariane Baumgartner como Condesa Geschwitz.

En cuanto al personaje que da título a la ópera hay que señalar, en primer lugar, el extraordinario esfuerzo que desplegó Patricia Petibon y sus altas cotas artísticas y vocales. La soprano se dejó la piel en escena, con una entrega admirable. Se echó de menos, no obstante, esa capacidad de fascinación y misterio que hace a su personaje irresistible.

La duda que se plantea es si se debe a limitaciones propias o al enfoque de la directora de escena. El público de la première -el habitual de Salzburgo, sin el alto porcentaje de invitados de postín del día anterior con Orfeo y Eurídice- aplaudió en líneas generales con calor pero sin apasionamiento.
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CINEMA ESPANHOL

Daniel Monzón
Director de 'Celda 211'

Con bermudas y chanclas de esparto, al director de 'Celda 211', el mayor éxito cinematográfico del año en España no le gusta demasiado volar.

Por Rocío Garcia
27.07.2010

El domingo 14 de febrero, Celda 211 fue la gran vencedora de la gala de los Goya. Ocho premios, entre ellos película y director.

"Hola Carmen", "hola Daniel, buenos días". En el pueblo de Valencia donde vive desde que hace tres años nació su hija Sofía, Daniel Monzón es un vecino más, ilustre y conocido, pero vecino.

Con bermudas y chanclas de esparto, al director de Celda 211, el mayor éxito cinematográfico del año en España -ocho premios Goya, entre ellos mejor película, director, guión adaptado y actor protagonista; 13 millones de euros recaudados y más de dos millones de espectadores- no le gusta demasiado volar.

Prefiere sin duda pisar firme la tierra. Ahora más que nunca. De repente parece que todo el mundo le quiere más, que todos están dispuestos a abrirle la puerta y a escuchar, que le llueven propuestas de todo tipo.

"De pronto hasta me encuentran sex appeal. Llegué a tener un poco de miedo porque parecía que cualquier propuesta que imaginara, aunque fuera una locura, había gente dispuesta a producirla. Me dio miedo. No puedes guiarte ni por caprichos ni por locuras. Tienes que ser más crítico que nadie y que nunca. Afortunadamente, estoy rodeado de gente humanamente preciosa, unos compañeros de viaje excelentes. Y tengo a mi lado a mi mujer, una persona maravillosa con una gran sabiduría emocional; y a mi hija, que es la que de verdad me agarra al suelo".

Las ofertas vienen de todos los frentes. También de Hollywood. No ha tenido más remedio que contratar un agente. "Ya le avisé de que yo quería seguir viviendo en mi casa y haciendo mis cosas. Lo tengo que tener muy claro para aceptar algo en Hollywood. Me ofrecieron dirigir Furia de titanes 2 y un remake de El fugitivo".

Daniel Monzón ríe a carcajadas. Es un tipo que habla mucho y ríe mucho, casi a la par. "Cuando piensas que un tipo tan inteligente y valiente como JeanPierre Jeunet, avalado por un talento enorme y unos éxitos muy grandes, va a Estados Unidos a hacer nada menos que Alien: Resurrection y sale echando pestes, porque no consigue hacer lo que él pretende, porque asegura que ha sido un infierno...
O el propio Guillermo del Toro con Mimic, que casi acaba con él. Si estos cineastas con estos nombres y ese talento y fuerza llegan allí y los mastican y trituran, ¡qué no harían conmigo!".

El éxito de Celda 211 comenzó exactamente hace un año, cuando Monzón se encontraba, como ahora, de vacaciones en Menorca. Hasta allí le llegaron los ecos de las emociones que despertaron los primeros pases del filme entre los actores y la gente del equipo. "Si uno está orgulloso de lo que ha hecho y la gente que ha intervenido en la película también lo está, para mí eso ya es el éxito, independientemente de lo que venga después".

Y lo que vino después fue la bomba. Festival de Venecia, Toronto, España y el mundo entero.
Se pasea entre los columpios del parque que tan bien conoce, buscando la emoción de la niñez. Él, que antes de dirigir fue crítico de cine e intelectualizó muchas de las películas que analizaba, busca alejarse cada vez más del terreno intelectual del cine y centrarse en la emoción.

Por eso para Celda 211 dirigió sus pasos hacia una cárcel real. Para recrear allí, entre esos muros testigos de tanto dolor, el drama duro y seco de Malamadre (Luis Tosar) y sus colegas. "Uno se tiene que dejar guiar por la intuición, que es lo que te mantiene fresco de verdad, y todo eso está conectado al mundo infantil. Ese espíritu de mirar algo y que parezca nuevo".

¿Y ahora qué? "A la búsqueda de lo más básico. A preguntarme una y otra vez qué es lo que a mí me gusta del cine, qué es lo que me ha empujado a dedicarme a esto, dónde encuentro el placer. Y ahí me dirijo, olvidando todo lo demás, el éxito y las angustias. A contar las historias que a mí me gustan como espectador. A guiarte por tu gusto personal y de nuevo tu intuición. Sin traicionarte, sin ir nunca en contra de tu propio gusto. Cuando yo veo algo que me gusta como espectador lo doy por válido".

Y lo próximo no es ningún capricho ni ninguna locura. Tampoco ningún espectacular encargo. Es un proyecto en el que ya pensó con el guionista Jorge Guerricaechevarría mientras escribían Celda 211. Es una comedia negra que rodará en inglés con actores anglosajones. Una comedia ligera, trepidante y mordaz.
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