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SWISS TOP SEX

Prostitutas de luxo à caça de ricos
clientes em Zurique

Por Susan Vogel-Misicka
20.10.2010
Foto - Prostituição também ocorre nas altas esferas sociais. (Keystone)

O comércio do sexo é evidente em algumas partes de Zurique, tanto que a cidade está a ponto de erigir "cabines sexuais" para permitir que prostitutas de rua possam conduzir seus negócios de forma mais discreta.
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Mas isso não será necessário para as acompanhantes de luxo. Ao contrário das suas colegas de profissão, que esperam no frio para embarcar em veículos de terceiros, essas encontram seus clientes muitas vezes nos hotéis chiques da cidade.
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Em Zurique existem inúmeras agências de acompanhantes. Muitas delas têm como principal alvo homens de negócios com polpudas contas bancárias.
"Experimente o charme de Zurique em uma atmosfera relaxada e acompanhado por uma mulher charmosa de sonhos", está escrito em inglês no site de um serviço de acompanhantes.
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O "tour erótico", que pode ser realizado em limusine caso haja interesse, inclui locais como a ópera e o bairro de Niederdorf (bairro turístico de Zurique).
"É uma loucura como Zurique se desenvolveu para tornar-se uma espécie de capital do sexo", afirma Eva, gerente de um desses serviços.
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Sua agência atende clientes de boa situação financeira. Seus preços começam na base de 400 francos (419 dólares) a hora e vão até dois mil francos por uma noite completa na companhia de uma das suas funcionárias.
"Nós arranjamos mais do que sexo. As mulheres são elegantes - elas podem acompanhar em um jantar. Elas falam também vários idiomas, o que é ideal quando o cliente tem compromissos de negócios", conta Eva à swissinfo.ch.
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Ela enfatiza que sua agência não é intermediária de drogas de menores de idade que se prostituem. A maior parte das suas funcionárias tem mais de trinta anos e muitas trabalham com ela desde que a agência foi aberta, há doze anos.
"Elas sabem o que estão fazendo. A maior parte dos nossos clientes são realmente pessoas de classe e eles não querem adolescentes. Eles procuram, sim, mulheres que conhecem a vida, com quem eles podem conversar como se fosse com um amigo", revela Eva.
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Amigo de plantão
Uma dessas "amigas" é Marie, uma aeromoça suíça de 27 anos. Ela se interessou depois que uma amiga lhe contou como o negócio funcionava um ano atrás.
"Sou uma pessoa curiosa e aventureira. E como sou solteira, pensei que não seria uma má ideia tentar", conta. "Para mim é algo fascinante e emocionante. Muitas vezes tenho a impressão de estar num encontro romântico."
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De acordo com Marie, muitos dos clientes são médicos ou advogados, que lhe enchem de presentes e gorjetas. Ela tem cerca de dois encontros por semana, dependendo da sua escala de trabalho na companhia aérea.
"Amo encontros onde eu me sinto como uma princesa, com um ótimo jantar e um hotel maravilhoso - é muito bom ser mimada", diz Marie, que já viajou de férias com clientes para lugares como o Caribe ou a Grécia.
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"Uma vez também tinha que participar de um importante baile e, no mesmo dia, eu e o cliente tivemos de fazer um curso rápido de dança. Foi muito divertido", lembra-se.
Marie explica que também estava satisfeita de poder ganhar um dinheiro extra, já que seu salário de aeromoça não é tão elevado. "Agora posso economizar para fazer cursos mais tarde, assim como cuidar de mim com um pouco de luxo."
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Questionada se já se sentiu desconfortável por dormir com estranhos por dinheiro, Maria admite que levou um certo tempo para se acostumar. “Já viajei muito através do meu trabalho e sempre encontro novas pessoas. Para mim não é difícil de ter intimidade com um estranho, mas isso não é seguramente fácil para qualquer um", afirma.
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Lista negra
Como gerente de serviço, Eva recebe os chamados e confirma que os clientes estão conforme os regulamentos checando endereços e números fornecidos por eles.
Ela mantém uma lista negra de homens classificados por ela de brutos ou misóginos (que tem aversão às mulheres).
"Temos mulheres maravilhosas com personalidades fortes. Elas não têm de suportar algo parecido", descreve Eva sua equipe. Também existe uma lista "vermelha" de homens considerados perigosos.
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Marie está feliz de ter esse controle da agência por trás dela. "Você tem proteção através da agência. Você tem de bater ponto e a agência sabe onde você está. Isso é muito importante", explica.
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Ladarat Chitphong não teve tanta sorte. A prostituta de 30 anos originária da Tailândia foi morta a facadas por um cliente em agosto de 2008.
Seu assassino, que jogou o corpo em uma floresta próxima ao seu apartamento no cantão da Turgóvia (leste da Suíça), foi condenado à prisão perpétua em sete de outubro de 2010. Foi a primeira sentença de prisão perpétua a ser proferida na Suíça.
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Andreas S. contou à swissinfo.ch ter encontrado Chitphong cinco anos atrás antes do seu assassinato. O cozinheiro a havia contratado para um atendimento caseiro.
Quando chegou, ela apresentava um olho roxo e marcas de estrangulação no pescoço. Assim Andreas levou-a à polícia, onde depois foi encaminhada a um abrigo para mulheres que sofrem violência. Andreas, que acredita ser a prostituição um trabalho relativamente perigoso, considera que o assassino de Chitphong mereceu a pena de morte.

"Sex appeal"
"Antes de casar, eu costumava procurar acompanhantes, pois não estava querendo uma relação séria", justifica-se Andreas, que já casou duas vezes, mas atualmente está separado. Enquanto alguns homens que contratam acompanhantes podem ser executivos muito ocupados para ter uma namorada, outros também são casados, indica Eva. Ela explica ainda que muitos clientes já lhe contaram que "não há estresse quando se contrata uma mulher de programa."
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Andreas, 52 anos, acredita também que muitos dos clientes são homens casados, com mais de 40 anos, e de todas as classes sociais. "Ou eles não têm sexo em casa ou consideram a vida sexual com suas parceiras muito monótona. Talvez eles também não possam praticar determinadas formas de sexo com suas esposas", avalia Andreas, que confessa já ter pago por sexo quando sua esposa não tinha interesse.
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Como Maria salienta, laços não são criados com uma mulher de programa.

"Não há quaisquer argumentos, apenas bons momentos. Uma acompanhante não reivindica nada e oferece discrição absoluta", diz Marie. Ocasionalmente um cliente se apaixona pela garota de programa. Porém essa pode ser uma situação muito complicada.
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"Muitas vezes nos surpreendemos de ver como esses homens podem ser inocentes, apesar das posições de poder que ocupam", afirma Eva.
Apesar de estar trabalhando como garota de programa por apenas nove meses, ela já viveu esse fenômeno. "O homem sabia que não estava procurando relacionamento, mas às vezes tinha de lembrá-lo a simplesmente aproveitar do momento."
www.swissinfo.ch/
SUIÇA

Produtores de absinto querem registrar apelação

por Daniele Mariani
27.07.2010

O absinto deve ter uma indicação geográfica protegida (IGP). É o que pedem os produtores da chamada "fada verde", do Vale de Travers, uma região próxima à fronteira francesa no cantão de Neuchâtel. Essa região é berço histórico da bebida que, até pouco tempo atrás, era proibida pela Constituição suíça. Mas a batalha dos produtores será longa e difícil.

Elogiando a poesia do absinto e comparando a bebida ao pôr do Sol, o escritor irlandês Oscar Wilde tinha uma verdadeira paixão pelo absinto. E ele não era o único.

A água gelada que se despeja gota a gota na colher furada para diluir o açúcar provoca reflexos azulados no álcool translúcido. E sob o efeito da mistura, o líquido transforma-se pouco a pouco em uma nuvem de um branco leitoso.

Entre cerimonial e eflúvios inebriantes, o absinto não cessa de fascinar. Esse interesse foi manifestado por numerosos artistas da segunda metade do século 19 como Rimbaud, Verlaine, Gauguin, Toulouse Lautrec, Manet e Baudelaire, entre outros, cuja bebida predileta era o absinto.

Mítica e maldita
Nessa época, a bebida era muito consumida nos bares de Montmartre, o famoso bairro parisiense, até a interdição de sua produção e comercialização em vários países. Na Suíça, caso único, a proibição foi inscrita na Constituição Federal em 1908.

A França a proibiu em 1915. Mais que poética, a bebida era então considerada maldita. Além de suas propriedades alucinógenas – o apelido de "fada verde" teria sido colocado por Oscar Wilde – a bebida era considerada altamente perigosa e responsável por muitas doenças.

A qualidade comercializada nem sempre era das melhores e o teor de álcool era próximo a 70%. Mas as causas da interdição eram outras."Os poderosos grupos de pressão dos viticultores e cervejeiros é que conseguiram a interdição do absinto", explica Yves Kübller, proprietário da maior destilaria na região de Val-de-Travers, no cantão de Neuchâtel, perto da fronteira francesa.

"Naquela época, o absinto era mais barato do que a cerveja e o vinho e, portanto concorrente. Ademais, a crise econômica no final do século 19 tinha agravado o problema do alcoolismo e finalmente foi o absinto que pagou a conta", acrescenta. Na Suíça, a interdição só acabou em 2005.

Quase um século depois de proibi-la, mesmo se clandestinamente a produção nunca parou, tomou-se consciência de que o absinto não era mais perigoso do que as outras bebidas fortes.

A tujona, molécula presente na Artemisia absinthium, principal erva medicinal com anis e raiz de erva-doce, que entra na composição da bebida, pode ter efeitos nocivos sobre o sistema nervoso, se consumido em grandes quantidades."Cálculos demonstraram que seria necessário beber cerca de 80 copos por dia para ser perigoso. É claro que o álcool causaria danos bem mais graves antes disso", afirma Yves Kübler.

Um alambique no DNA

A primeira destilaria de absinto foi aberta no vilarejo de Couvet, em 1797, por Daniel Dubied. Com seu genro, Henri-Louis Pernod, ele foi o primeiro a comercializar a bebida alcoolizada. A história diz que a receita lhe foi transmitida por uma curandeira, que preparava a bebida com fins terapêuticos.

Alguns anos mais tarde, Henri-Louis Pernod decidiu abrir sua própria destilaria em Portalier, do outro lado da fronteira, em 1805, e entrar no mercado francês.Apesar de um século de interdição, o conhecimento dos destiladores do Val-de-Travers, verdadeiro berço do elixir, nunca foi perdido.

A proibição não impedia pequenos produtores a continuar aquecendo os alambiques. Bastava ser discreto e ninguém os denunciava às autoridades.Yves Kübler, por exemplo, diz que tem um alambique em seu DNA. Há quase 150 anos, em 1863, um dos seus ancestrais abriu uma destilaria na região.

Em 1990, ele reativou a empresa familiar, que tinha cessado as atividades em 1962. "Quando meu avô decidiu parar a produção, nenhum de seus filhos quis continuar. Finalmente foi minha mãe que me transmitiu essa paixão e, aos 15 anos, comprei meu primeiro alambique de um amigo", recorda.

Depois da legalização da "Azul" – um dos apelidos do absinto – essa paixão transformou-se em atividade profissional. Graças à perseverança, ele foi um dos primeiros a entrar no mercado norte-americano. Nos Estados Unidos, o absinto conquistou celebridades como os atores Johnny Dep e Marylin Manson.

Proteção necessária
Mas esse mito corre o risco de se perder pela produção de absinto em outros países sem nenhuma tradição, de acordo com Yves Kübler."Hoje, sob apelação absinto, vende-se qualquer coisa. Certos produtores utilizam óleos essenciais no lugar de plantas medicinais.

Outros se contentam de macerar uma mistura sem destilar e essas bebidas são intragáveis. Se alguém se aventurar a provar um desses pretensos absintos, certamente não vai tentar a experiência uma segunda vez.

Essa constatação levou os membros da Associação Interprofissional do Absinto a depositar na Secretaria Federal de Agricultura (OFAG), um pedido de registro de região geográfica protegida (IGP) do absinto. Uma espécie de apelação de origem controlada.

"Pedimos que as denominações Absinto, Fada Verde e Azul sejam reservadas ao produto destilado no Val-de-Travers. Queremos preservar a tradição e estimular o desenvolvimento econômico dessa região", explica o presidente da associação, Thierry Béguin.

Batalha difícil
A batalha pelo registro será difícil e poderá ser decidida no Supremo Tribunal Federal. Entre os opositores estão o grupo francês Pernod-Ricard (empresa fundada por Henri-Louis Pernod em 1805 e retomada pela Ricard em 1975).

Frente a esse gigante do setor, cerca de 20 pequenos produtores do Val-de-Travers terão dificuldade em vencer."Nosso dossiê é sólido e prova sem qualquer dúvida que nosso vale é o berço histórico do absinto", defende Thierry Béguin.

Mas a justiça não é uma ciência exata e "o ministro francês da Agricultura, encorajado pela direção do grupo Pernod-Ricard, deverá sem dúvida pressionar", prevê Béguin. Mas os cidadãos do Val-de-Travers não costumam baixar os braços facilmente.

Um século de proibição não os impediu de manter a tradição. E a destilação do absinto ainda vai continuar por muito tempo, com ou sem IGP.

Fabricação

Destilação
O absinto é produzido com a maceração de diversas plantas aromáticas durante horas no álcool a 95°.

Plantas
As plantas que entram na composição são principalmente grãos de anis, raiz de erva-doce e naturalmente o absinto (Artemisia absinthium). Na bebida fabricada no Val-de-Travers, só é utilizado o absinto cultivado na região. O anis e a erva-doce são importados porque o clima suíço não permite cultivá-los.

Ervas medicinas
Cada produtor acrescenta outras ervas medicinais, segundo sua própria receita. São principalmente, hissopo, menta, melissa e coentro.

Redução
A destilação sucede a etapa de maceração. O álcool obtido (em torno de 80%) é transferido em um recipiente. É acrescentada água destilada para diminuir o teor de álcool. O absinto produzido por Yves Kübler, por exemplo, tem 53% de álcool.

Repouso
Duas semanas depois da destilação, o absinto é engarrafado e deve “descansar” dois a três meses depois para afinar o sabor.

Modesta mas rentável
Em comparação com outras bebidas, o absinto é um mercado de nicho. Quase 3,2 milhões de garrafas são vendidas por ano no mundo, metade nos Estados Unidos (50 dólares a garrafa).

Aumento
Entre 2004 e 2009, o consumo cresceu aproximadamente 25% por ano.

Pernod-Ricard
O maior produtor do setor é o francês Pernod-Ricard, de Marselha, sul da França. Na França, o absinto é autorizado desde 2001, mas na etiqueta não deve constar o nome absinto e sim “extrato de absinto” ou “álcool à base de plantas de absinto”.

Crise
Em 2008, os destiladores suíços exportaram 824 hectolitros. Em 2009, a crise fez esse volume cair para 110 hectolitros.

(Adaptação: Claudinê Gonçalves)
http://www.swissinfo.ch/

União Européia

Eleitores suíços não dão chance a ingresso na UE
23.07.2010

Em agosto próximo, o governo suíço vai apresentar um relatório sobre as relações do país com a União Europeia (UE). Um ingresso no bloco continua sendo rejeitado pelos eleitores, segundo uma pesquisa de opinião pública.

Melhores chances teria a adesão ao Espaço Econômico Europeu, formado pelos 27 países da UE mais a Islândia, Liechtenstein e Noruega, integrantes da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) ao lado da Suíça.

Segundo uma pesquisa do instituto Isopublic, quase dois terços dos entrevistados rejeitam o ingresso da Suíça na União Europeia; apenas 25% são favoráveis. Se a votação fosse no próximo final de semana, 63% votariam "não", 12% estão indecisos.

O ceticismo em relação à União Europeia é maior na parte alemã do país, onde apenas 21% apoiariam o ingresso contra 40% na parte francesa (oeste). A rejeição é igual em todas as faixas etárias, informou o instituto na terça-feira. Pessoas com melhor formações são mais favoráveis ao ingresso no bloco.

Espaço Econômico Europeu (EEE)
Caso houvesse uma nova votação sobre o ingresso no Espaço Econômico Europeu, 44% dos suíços votariam "sim", 42% “não” e 14% opinaram que estão indecisos. Na Suíça francesa, 63% votariam a favor. Em dezembro de 92, os eleitores suíços rejeitaram a adesão ao EEE.

O Isopublic entrevistou 3790 eleitores entre abril e junho, portanto, antes do recente debate sobre o futuro das relações entre a Suíça e a UE. Na época, as discussões sobre o sigilo bancário e a crise da dívida na Grécia dominavam o noticiário.
"Esses acontecimentos repercutiram no resultado da pesquisa", disse o diretor do Isopublic, Matthias Kappeler, à agência de notícias SDA. "Discussões sobre o sigilo bancário fortalecem a tendência à rejeição à UE."

UDC quer votação em breve
"Eu seria favorável a uma votação em breve sobre a UE", disse ao jornal Mittelland Zeitung Christoph Blocher, estrategista da União Democrática de Centro (UDC), maior partido da Suíça e de tendência antieuropeia.

Segundo Blocher, a população rejeita o ingresso na UE, "mas a classe política não quer ouvir isso". Ele suspeita que o grupo de trabalho criado na última segunda-feira em Bruxelas queira conduzir o país à UE. "Trata-se primeiro da adoção facilitada da legislação europeia, sem plebiscito", disse.
A deputada federal Christa Markwalder, do Partido Liberal, tem uma posição bem diferente de Blocher. Ela disse que é errado falar em defensores e adversários da União Europeia na Suíça.

"A UE é um fato. Pode-se achá-la boa ou ruim – ela existe há mais de 50 anos sem a Suíça. A questão que se coloca para o nosso país é como podemos defender melhor nossos interesses na Europa. Estaríamos em posição melhor como membro, porque aí poderíamos participar das instituições europeias em que são tomadas decisões relevantes", declarou em entrevista ao jornal Berner Zeitung.

Perguntada por que a Suíça não pode manter relações bilaterais convencionais com a União Europeia como com qualquer outro país, Markwalder respondeu: "Primeiro, a UE não é um Estado e sim uma união de 27 Estados."

E segundo? "A UE é de longe nosso principal parceiro comercial e contribui muito para nosso bem-estar na Suíça: 60% das nossas exportações vão para a UE, e 80% das nossas importações vêm da UE. É lógico que sempre temos de dar uma atenção especial às relações com a UE. Terceiro, precisa-se sempre dos dois lados para soluções bilaterais. Nas atuais negociações, há anos não tivemos progressos substanciais".

O debate sobre a União Europeia foi reaberto por ocasião da visita da presidente e ministra da Economia da Suíça, Doris Leuthard (foto), a Bruxelas, na última segunda-feira. Na ocasião, as autoridades europeias sinalizaram que os mais de 200 acordos bilaterais com a Suíça estão se esgotando e que é preciso definir um novo quadro institucional para as relações do país alpino com o bloco.
http://www.swissinfo.ch/
com agências

Maconha Suiça

Plantador de maconha encerra greve de fome
21.07.2010

O produtor de maconha Bernard Rappaz, do cantão do Valais (sudoeste da Suíça), encerrou uma greve de fome de mais de 50 dias, depois que as autoridades estaduais transformaram provisoriamente sua pena em prisão domiciliar. A medida está sujeita a condições muito restritivas e só vale até o Supremo Tribunal Federal julgar um recurso de Rappaz contra uma decisão do tribunal estadual, que rejeitou um pedido de interrupção da pena.

Rappaz aceitou essas condições e, em seguida, interrompeu sua greve de fome, informa um comunicado da Secretaria de Segurança Pública do Valais, nesta quarta-feira (21/7).
Ele foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão em 2006 por graves violações à lei de entorpecentes, lavagem de dinheiro, agressão simples e graves transgressões às leis do trânsito.

Rappaz foi acusado de ter vendido cinco toneladas de haxixe por 4,2 milhões de francos de receita e obtido 2 milhões de francos de lucro. Em 2001, a polícia confiscou em sua propriedade 50 toneladas de maconha avaliadas em 35 milhões de francos.

Em maio deste ano, a pena foi suspensa temporariamente por causa de uma greve de fome. Há cerca de dois meses, ele novamente se negava a comer. Por ordem das autoridades do Valais, no começo da semana passada foi transferido do Hospital Universitário de Genebra para o Inselspital de Berna.

Recurso em Lausanne
A comutação da pena tem a ver com um recurso apresentado por Rappaz ao Supremo Tribunal Federal contra uma decisão da Justiça estadual que lhe negou uma interrupção da prisão. Os juízes em Lausanne devem julgar o caso no mais tardar até 26 de agosto. Até lá vale a prisão domiciliar.

O Supremo Tribunal Federal havia encarregado na semana passada as autoridades do Valais de proteger por todos os meios a vida e a integridade física do plantador de maconha.
Para isso, a Secretaria Estadual de Segurança Pública tomou várias medidas, como a transferência de hospital e a ordem para alimentá-lo à força antes de entrar em coma.

Essas medidas não são mais suficientes, afirmam as autoridades do Valais nesta quarta-feira. "Os médicos de Berna não estão sujeitos a ordens da Secretaria Estadual e rejeitam, por princípio, uma alimentação forçada." Além disso, a fase anterior ao coma teria determinados riscos à saúde, justificaram as autoridades sua mudança de posição.

"Um escândalo"

O caso de Bernard Rappaz, que já vinha provocando muita polêmica, não está encerrado e ainda poderá ter consequências políticas, segundo o deputado federal Oskar Freysinger, da União Democrática de Centro, maior partido da Suíça.
O parlamentar do Valais pediu a renúncia imediata da secretária estadual de Segurança Pública e Assistência Social, Esther Waeber-Kalbermatten. "Ela deveria ter deixado alimentar Rappaz à força", acrescentou.

"Isso é um escândalo absoluto. Eu recomendaria a todos os presos entrar em greve de fome para obter relaxamento da prisão. Rappaz terá muitos imitadores. O que o governo do Valais decidiu é um insulto ao estado de direito", disse Freysinger, em entrevista ao portal Tagesanzeiger/Newsnetz.

Ele disse que a bancada e a direção da UDC vão discutir as medidas a tomar. "Rappaz não desfruta de simpatia junto à população – à exceção de consumidores de maconha. Vamos fazer com que o caso Rappaz seja um tema nas eleições parlamentares federais de 2011", avisou Freysinger.
http://www.swissinfo.ch/
com agências

Criado o Hotel "zero" estrela

por Matthew Allen
12.07.2010

A Suíça pode ser o país do luxo, mas uma nova forma de hotelaria planeja ocupar um nicho no setor de acomodações baratas com espaços atraentes, incluindo até serviço de mordomo. O Hotel "Zero" Estrela foi inaugurado em um abrigo nuclear desativado para servir como uma performance artística.

Sua principal mensagem é ser uma alternativa em tempos de dinheiro rápido e luxúria. Porém o sucesso foi tão grande que em breve deverá ser lançado como empreendimento comercial.

A locação original em Teufen, um pequeno vilarejo no cantão de Appenzell Ausserrhoden (nordeste da Suíça), teve de ser fechada depois de um ano para se transformar em museu comemorativo do hotel original. O novo local ainda está sendo mantido em sigilo, mas promete também ser incomum e dentro de uma cidade.

A ideia nasceu quando os irmãos gêmeos (foto) Frank e Patrik Riklin, os dois artistas, foram solicitados por uma prefeitura da região a converter um bunker nuclear em abrigo a preços módicos.

Então eles criaram o primeiro hotel do mundo com "zero" estrela. O lema era: "Onde a única estrela é você".

Mas o albergue improvisado com 14 camas, nos quais os preços variavam de 10 a 30 francos (US$ 8.75 a 26) o pernoite, teve tanto sucesso que os gêmeos e o parceiro Daniel Charbonnier, um especialista em hotelaria, transformaram a ideia em marca.

"Tivemos de testar antes de começar, ou seja, o primeiro hotel zero estrela funcionou apenas como um protótipo", explica Charbonnier. "Nossa pesquisa de mercado mostrou que 80% dos hóspedes manifestaram o desejo de querer voltar, mas indicando preferir ficar em uma cidade."

Serviço de mordomo
Charbonnier, que chefia uma consultoria na área de hotelaria, não quis revelar quantas pessoas pernoitaram no hotel, mas explica que elas viriam de 29 diferentes países, de todas as classes sociais e com idades variando entre sete e 77 anos.

"Muitos dos nossos hóspedes contaram que têm o costume de ficar em hotéis de três ou quatro estrelas", conta. "Então arrumamos um jeito de atrair clientes que gostam de serviço de boa qualidade, mas que tiveram recentemente de apertar seus cintos.”

O ambiente austero dos quartos sem janelas - e banheiros coletivos - ganhou um brilho através de um mordomo, cuja função era trazer chá ou café de manhã e também servir de porteiro. Juntamente com o local incomum que o novo hotel "zero" estrela irá ocupar, o pacote continuará oferecendo o serviço personalizado de mordomo para os hóspedes.

Um mordomo parece à primeira vista estar em desacordo com a filosofia artística inicial, mas Charbonnier insiste que o conceito funciona muito bem com esse detalhe.

"Um mordomo parece ter uma conotação negativa de luxo, mas uma pessoa que gasta menos para pagar sua acomodação, também merece um serviço de primeira classe", defende. "Nossa mensagem é: fazer dinheiro requer trabalho duro e que economia por si só não é algo sustentável."

Imagem de país caro
Os novos empresários até recusaram uma oferta de apoio financeiro de um investidor russo, pois sentiam que ele não havia compreendido o conceito. Assim a integridade da marca poderia ser perdida.

Urs Eberhard, vice-diretor da Suíça Turismo, órgão oficial do setor, estava entusiasmado de ver a ideia do hotel se tornar comercial.
"Tudo que consegue se diferenciar e oferecer uma experiência única tem chance de sucesso", declara. "Talvez isso mude a percepção das pessoas de que a Suíça é um lugar caro para se visitar."

"Existe uma tendência atual de procurar hotéis mais baratos ou até mesmo os campings. As pessoas estão hoje em dia mais abertas a experimentar ofertas diferentes como, por exemplo, ficar num albergue da juventude quando for fazer trilhas e, depois, relaxar em um spa às margens de um lago."

Muito do sucesso do Hotel Zero Estrela deve-se à cobertura da imprensa, que lhe deu publicidade gratuita. O hotel não gastou nenhum franco em propaganda.

Mas Christian Laesser, professor de turismo e administração de serviços na Universidade de St. Gallen, tem dúvidas sobre o que ocorreria se a imprensa perder seu interesse na novidade.

O segredo é o lugar

"Os iniciadores teriam, então, que procurar meios não convencionais para continuar a ter um nome no mercado ou confiar na propaganda boca a boca para continuar a gerar receitas", analisa.
De fato, o Hotel Zero Estrela se esforçou bastante para ser conhecido. Ele chegou até a entrar por um ano no famoso guia de mochileiros, o "Lonely Planet".

Lukas Brunner, do Instituto de Pesquisa em Lazer e Turismo na Universidade de Berna, acredita que o hotel está tomando a decisão correta em se mudar para um centro urbano. Isso, pois cidades como Zurique e Genebra são importantes centros de atração para os turistas.

Mas ele adverte que o hotel deve procurar um local tão único para se instalar como o bunker nuclear no Appenzell.

"Não será fácil encontrar algo parecido em Zurique, pois lá os preços são muito mais elevados. A localização é muito importante, mas acredito apesar disso que esse projeto possa dar lucros", afirma Brunner.

Charbonnier revela que vários possíveis locais já estão sendo investigados, mas ainda não pode dar a previsão de quando o novo hotel será inaugurado. Porém ele está otimista de que essa "marca" possa se expandir para incluir até outras locações, inclusive fora da Suíça.

(Adaptação- Alexander Thoele)
http://www.swissinfo.ch/