Commonwealth: amor e pós-
capitalismo
por Bruno Cava *
22.06.2010
Déjeme decirle, a riesgo de parecer ridículo,
que el revolucionário verdadero está guiado
por grandes sentimientos de amor
Ernesto Guevara
Antônio Negri esteve no Brasil em 2003, na sua primeira viagem internacional depois de ser libertado da prisão, após cumprir pena na Itália por sua militância nos anos 70. Durante a década, fez outras viagens à América do Sul, para conhecer de perto os movimentos de transformação catalisados pelos governos de esquerda no Brasil, na Argentina e na Bolívia. Nessas ocasiões, ofereceu palestras, participou de congressos, foi entrevistado pelo programa Roda Viva, dividiu mesa de debates com Gilberto Gil, defendeu sem papas na língua o governo Lula e lançou um livro em que discute diretamente a realidade social latino-americana (“Global: biopoder e lutas em uma América Latina globalizada”, 2005, em co-autoria com Giuseppe Cocco).
Não me esqueço de uma passagem marcante de uma dessas vindas. À noite, no bairro de Santa Teresa (Rio de Janeiro), fora do circuito oficial de eventos acadêmicos, Negri prelecionava para um círculo de conhecidos sobre as nuances políticas de seu sistema-mundo. Lá pelas tantas, um artista performático presente interrompeu-o com impaciência: “Tá bom, Toni, mas agora fala um pouco do amor! Do amor!”. Tinha tudo pra resultar em saia-justa, mas o filósofo italiano prontamente passou a discorrer sobre o conceito de amor e sua importância capital dentro do pensamento de esquerda. Impressionou os presentes.
Tomando a sua obra, chega-se à conclusão de que não poderia ser diferente, pois o amor atravessa-a de ponta a ponta. Bebendo da inesgotável filosofia de Spinoza, em “Anomalia Selvagem” (1981) o amor já aparece como constituinte da potência revolucionária, a partir da multiplicação do desejo (cupiditas) e da força em desenvolvê-lo (vis). Tema desenvolvido posteriormente em dezenas de livros, muitos dos quais traduzidos para o português, como “O Poder Constituinte”, “De volta”, “Kairós”, “Alma Vênus”, “Multitudo”, “O Trabalho de Dioniso”, “Adeus Sr. Socialismo”, entre outros.
Nesse projeto, “Commonwealth” se propõe a inventar um novo amor.
Último livro da trilogia escrita a quatro mãos com Michael Hardt, – seqüenciando “Império” (2000) e “Multidão” (2004), – o livro saiu pela Harvard University Press no ano passado e ainda aguarda versão em português. O título não deve ser traduzido por Comunidade, mas por Comum – mas bem poderia ficar Amor e Comum. De fato, os autores declaram que o amor é essencial para a filosofia e a política. Sem ele, e sem a arte dos bons encontros que o favorece, não se pode falar em libertação e democracia. Constituir um novo homem e uma nova sociedade implica radicalizar o amor – no comum de formas de vida, bens, afetos, imagens e conhecimentos. “O amor é uma força econômica.” O amor não tem medida, é só excesso, vence a morte e opera a revolução, como princípio da organização (política) da produção. Eis aí síntese cúpida do livro de 433 páginas.
Para fazer bom proveito de “Commonwealth”, não é preciso recorrer à obra pregressa da parceria Negri e Hardt. O livro arremata os dois anteriores e amadurece as suas questões, problemas e conceitos. Se o robusto estofo filosófico é assegurado pelo intelectual padovano de 76 anos, a prosa fluida, simples e atlética é tributária de Michael Hardt – professor de literatura de língua inglesa. Indicado, portanto, para quem desgosta de penosos e herméticos livros de filosofia e concorda com Ortega y Gasset: “a clareza é a cortesia do filósofo”. Hardt, por sinal, é autor de uma das mais límpidas introduções ao pós-estruturalismo francês (“Gilles Deleuze: um aprendizado em filosofia”, 1993).
Um amor que mobiliza a cidade dos homens, é combinação produtiva de desejos e afetos, passa longe da família, carreira profissional e nação
Voltando ao texto, “Commonwealth” resgata Dante e sua noção de vita nuova. Esta se realiza na comunhão de amor que mobiliza a cidade dos homens em busca da autonomia, da riqueza e da igualdade. Amor nada sentimental, que se desdobra ética, estética e politicamente. Cupidez que é causa e consequência, em ciclo virtuoso, da liberdade e potência de cada um, na sua combinação produtiva de desejos e afetos. Portanto, amor que passa longe da família, da carreira profissional e da nação – três vilões a bloquear o comum e expropriá-lo em nome de felicidades atrofiadas, impotentes e socialmente desiguais. A família corrompe-o pela exclusividade afetiva, hierarquia paternal, narcisismo filial e mecanismos de transferência de propriedade. A carreira profissional compromete-o pela alienação do trabalho, o individualismo, o controle patronal e a concepção unidimensional de tempo. E a nação pela homogeneização das diferenças, a imposição das maiorias, a xenofobia intrínseca e os ideais abstratos de glória, sacrifício e destino coletivo.
Com efeito, todo o último livro da trilogia pode ser lido como uma sinfonia, pautada pela repetição de motivos rítmicos e melódicos, ao redor do tema do amor revolucionário. Isto é, do comum. “Commonwealth” consiste assim num tratado de democracia radical, numa reedição contemporânea da Política arquetípica, dividida em seis partes densamente discursivas, entremeadas por seis ensaios mais leves e de imaginação livre (De Corpore, De Homine e De Singularitate, cada qual subdividido em dois capítulos). A orquestração retorna muitas vezes às mesmas cadeias argumentativas, porém sobre territórios discursivos diferentes, que vão da ontologia à antropologia, da filosofia da história à geopolítica, da ética à economia política. Logo, corta em diagonal os campos do conhecimento, em total transdisciplinariedade.
É impróprio falar em influências teóricas do livro, uma vez que não há compromisso com rigor exegético. Deliberadamente. Na realidade, perspectivista, o texto mobiliza autores amiúde contra eles mesmos. Trata-se de achar o devir minoritário do pensador que serve de referência. Esse conceito de Gilles Deleuze designa o procedimento de seleção de linhas conceituais periféricas, ocultas, menores no sistema de outro autor – o ponto de fuga é então, por assim dizer, repatriado em nova perspectiva.
Por isso, comparece em “Commonwealth” um Karl Marx minoritário, extraído não da vasta ortodoxia socialista, mas dos marxianos “Grundrisse” – cadernos manuscritos, volumosos e não-publicados em vida, onde o autor aponta outras direções a seu pensamento. Daí a sintonia da obra com o materialismo transformador, a análise fina do estatuto do trabalho (atualmente pós-industrial) e a recusa à república da propriedade e aos direitos burgueses. Mas, ao mesmo tempo, a dissintonia com a dialética histórica, a teleologia da ditadura do proletariado e teorias do colapso do capitalismo como evento transcendente, que vem de fora para abolir as classes por decreto.
Estas teorias, aliás, são enfrentadas logo na primeira parte, sob a legenda discurso apocalíptico. Os autores têm como alvo principal o filósofo Giorgio Agamben – autor dos hits acadêmicos “Homo sacer: o poder soberano e a vida nua” (1995) e “Estado de exceção” (2003), – para quem somente uma ruptura radical, ontológica e messiânica poderia salvar a civilização ocidental de sua falência política. Negri e Hardt chegam a convocar o mitólogo Evêmero (IV a.C). No evemerismo, o foco em teorias escatológicas “eclipsa e mistifica as formas dominantes de poder que continuam a reinar hoje – poder da propriedade e do capital, poder respaldado pela lei”.
Também onipresente no texto negri-hardtiano um Michel Foucault minoritário, abduzido de seus livros e cursos do final da década de 70. Neles, o professor do Colégio da França discorre sobre a matriz biopolítica do poder (ou biopoder). Ou seja, um governo instaurado sobre os viventes e as populações, com base em saberes biológicos, médicos, psicológicos, estatísticos. Na esteira de outro intelectual, Gilles Deleuze, “Commonwealth” insiste no duplo sentido do poder na filosofia de Foucault. Se por um lado, a partir do vivente, o biopoder expõe, esquadrinha, controla e assim constitui o sujeito; por outro lado, a vida possui um rendimento positivo que independe daquele. Em síntese, a resistência biopolítica não aparece a posteriori do exercício do poder e não está enclausurada irremediavelmente em sua operação de captura. A resistência precede o poder, como a sua condição. Logo, o biopoder (opressão) não se confunde com a biopolítica (resistência). A resistência é primeira. Ontologicamente.
Para produzir, o capitalismo precisa agora conceder liberdade. Mas ela, potencializada pelo desejo, pode dispensar o sistema – violentamente, se preciso
Em termos práticos: pode existir enfim uma saída, para contornar e subverter as malhas cada vez mais cerradas e abrangentes das sociedades de controle. Existe uma escapatória para o pensamento e a ação de esquerda, que não finde recodificada e domesticada pelo capitalismo. Existe uma alternativa para a modernidade capitalista – a altermodernidade analisada ao longo do livro. E essa saída não é ex machina, como o deus de mentira que irrompia no palco para salvar o dia, ao final das peças gregas. Para Negri e Hardt, não adianta reinventar a roda. Os movimentos de libertação já trabalham na construção do comum, num fazer multidão baseado em redes colaborativas, no trabalho imaterial, na militância glocal (global + local), na produção de renda por fora dos circuitos capitalistas de fixação/exploração do trabalho. A análise de Negri e Hardt não opera pelo lado do poder, mas sob a espécie da resistência: “As lutas pela liberdade determinam todo o desenvolvimento das estruturas de poder”.
Se para os apocalípticos e pessimistas de esquerda, há um buraco negro no horizonte, uma sociedade inteiramente submetida a dispositivos difusos e perversos de controle, para os autores de “Commonwealth” a sociedade contemporânea vaza por todos os lados e é o poder capitalista quem padece de um impasse. Para produzir numa sociedade pós-industrial, o capitalismo precisa conceder liberdade e promover a produtividade imanente à vida. Mas essa mesma liberdade, potencializada pelo desejo, constituída no comum, articulada em multidão, inebriada de amor, pode dispensá-lo – violentamente, se preciso. É o drama de conter um lobo pelas orelhas: se soltá-lo, ele foge; mas se continuar segurando-o, ele morde.
O novo amor de que fala “Commonwealth” não se traduz por otimismos poliânicos ou entusiasmos ingênuos. Não é tampouco uma nova aposta pascalina: como se fosse preciso resistir porque não teríamos outra opção. Para os autores, o amor revolucionário significa que é preciso resistir porque é desejável. Porque queremos. E se não há garantias de que, resistindo, o amanhã será melhor, podemos “reconhecer que essa contingência não deve levar a conclusões cínicas, a ignorar o fato que sim, é possível mudar a sociedade e a nós mesmos”. Afinal, a grande felicidade, fazer tudo aquilo que somos capazes em comum, a beatitude de Spinoza, conquista-se politicamente na multiplicação de vida que é a própria revolução democrática.
* Bruno Cava, engenheiro e bacharel em direito, participa da Universidade Nômade. Mantém o blog Quadrado dos Loucos (Literatura, jazz, xadrez, quadrinhos e crítica), atualizado quase diariamente. Edita a revista Enxame.
http://www.outraspalavras.net

Mostrando postagens com marcador marxismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marxismo. Mostrar todas as postagens
Tal vez se nos había olvidado lo
que era el capitalismo puro y duro
por Miguel Manzanera
27.06.2010
Pero ya lo tenemos aquí de nuevo, tan auténtico como lo fue a principios del siglo XX, tan canalla como lo pintó Bertold Brecht en su “Ópera de dos centavos”; o incluso más: la clase dominante, una banda de delincuentes asaltando los ahorros de las personas sencillas.
Primero fue la quiebra de las constructoras, ni más ni menos que una crisis de superproducción tan evidente desde hace un lustro al menos, que hería a los ojos de las personas sensatas.
Luego vino la crisis financiera, que se resolvió donando fondos públicos a los bancos, un auténtico atraco a mano armada en las arcas del Estado.
Ahora es la quiebra del propio Estado, endeudado con esos banqueros que se apropiaron de… Todo ha sucedido en una secuencia de acontecimientos tan previsibles en buena lógica, como fáciles de resolver en una economía mínimamente ordenada. Bastaba con haber dejado hundirse a la banca corrupta y haber fundado una banca pública.
Según la teoría económica liberal clásica las empresas incompetentes deben hundirse y desaparecer del mapa; para eso sirve el mercado.
¿Por qué no se ha aplicado esa teoría a los bancos en quiebra? ¿Tal vez porque en realidad no se aplica nunca? En realidad, esa ciencia neoliberal no es más que un galimatías imposible de descifrar para la gente de la calle –hipotecas sub prime, ingeniería financiera, bonificaciones fiscales, leasing,…, un argot de hampa de lujo-; y nos ofrece una parafernalia de números que suena a fábula de otro mundo - 50.000 millones de euros para los bancos, cinco millones de parados, un millón de casas vacías, millones de toneladas de excedentes agrícolas, etc.-.
Mientras que las mentiras de la ‘eficiencia de los mercados’ y la ‘disciplina de mercado’ se hacen dogmas de fe, se imponen a sangre y fuego - como se hace siempre con las verdades indemostrables -.
¿Cómo imaginar lo que eso significa, cuando apenas se dispone de unos pocos euros en el bolsillo? Para el trabajador ‘disciplina de mercado’ suena a rebaja de sueldos; y la ‘eficiencia de los mercados’ a tiendas llenas con escaparates de precios inalcanzables custodiados por polizontes armados.
La política de la estafa y el robo viene disfrazada con grandes palabras: ‘democracia y libertad’ son las favoritas de los políticos y los multimillonarios cuando todo va bien; cuando se utiliza la palabra ‘solidaridad’, cuando las cosas se ponen feas, es para decirnos que debemos recortar nuestro nivel de vida por el bien de la sociedad.
El argumento del bastón demuestra su eficiencia, cuando el trabajador se pone rebelde; pero no suele hacer falta: la gente acostumbrada al miedo está tranquila; para eso los curas y las beatas les explicaron el infierno a los niños, para que de niños se porten como los mayores deseen y de mayores como los jefes quieran.
La teoría del capital es una historia de vampiros, explicaba Marx hace ciento cincuenta años. Y ahora podemos añadir que la economía posmoderna o neoliberal se parece al monstruo de Frankenstein: un engendro que se vuelve contra su amo y creador.
Los enterradores de Marx deberían al menos sonrojarse, pues la crisis vaticinada por el científico honesto ha vuelto a suceder, el pronóstico se ha hecho realidad. ¡Qué lejos quedan los tiempos en que Popper decía que las predicciones de Marx no se habían cumplido! ¡Ojalá hubiera tenido razón! Lo malo es que este ideólogo de la derecha no tenía otra intención que preparar lo que ahora nos ha llegado: una crisis comparable a la del 29, con su espantosa guerra mundial a continuación.
¿Se volverá a repetir el ciclo mortífero de crisis, depresión y guerra, como en el siglo pasado?
¡Qué lejos los tiempos en que Horkheimer decía que la teoría de Marx se había equivocado al predecir que las crisis del sistema capitalista eran inevitables! ¡Ojalá y fuera cierto! Pero el filósofo de Frankfurt no sabía que los neoliberales iban a desmantelar el Estado de Bienestar, eliminando los controles estatales del mercado.
No podía imaginarse que se volvería a imponer la locura del capitalismo desregulado –¿tenía tal vez demasiada confianza en la razón humana? -. Horkheimer, a lo largo de su vida había trabajado en una dirección precisa: primero, conjurar la barbarie fascista, consecuencia de las crisis económicas de principios del siglo XX; e impedir su vuelta tras la guerra mundial, después.
¿Y ahora que la crisis ha vuelto, nos encaminamos hacia una nueva forma de fascismo posmoderno, copiado del Estado de Israel y sus técnicas de dominación genocida?
¿En qué aspecto no se han cumplido las predicciones de la teoría marxista? En la construcción del socialismo, en el fracaso de la Unión Soviética. Pero un nuevo modo de producción no se saca de la chistera de un mago, es algo que tarda siglos en presentarse; comienza poco a poco y se va desenvolviendo conforme demuestra su superioridad.
Pero debemos conocer las causas del fracaso. Primero, un factor clave de la victoria del capitalismo sobre el llamado ‘socialismo real’ en el siglo XX ha sido su capacidad de innovación científica y tecnológica: el desarrollo de la informática que las empresas capitalistas fueron capaces de desarrollar, mientras que los Estados del campo socialista adoptaban una versión falsificada del marxismo, como si fuera una ideología dogmática y no el principio mismo de la crítica filosófica.
También en el campo de las ciencias sociales, donde el marxismo se consideraba superior al positivismo, la ‘ciencia capitalista’ fue capaz de desarrollar una nueva metodología analítica y formal en ciencias sociales, la teoría de juegos, de cuya eficacia hoy nadie puede ya dudar.
¿Y qué decir del psicoanálisis al servicio de la publicidad, como técnica de control sobre las conciencias de los ciudadanos? Por si fuera poco, ahora y en los próximos años veremos cómo avanza una nueva revolución tecnológica a partir de la ingeniería genética y cómo afectará a la producción agrícola y la alimentación y salud de la humanidad. Se trata de crear la vida artificialmente –seréis como dioses, dijo la serpiente a Eva en el paraíso-.
La próxima confrontación mundial por un nuevo modo de producción tendrá en la vida, en la realidad vital, uno de sus principales campos de batalla.
El capitalismo ha vencido, porque todavía desarrolla las fuerzas productivas – esto también lo dijo Marx en su “Contibución a la crítica de la economía política” -, y el nuevo esquema del desarrollo, los nuevos principios de economía política que han de regir el socialismo, todavía no se han desarrollado lo suficiente.
Pero hay muchos capitalismos, ¿por qué ha tenido que imponerse el más obsceno y despiadado? ¿Tal vez por la ley de Murphy: ‘todo lo que pueda ir mal, irá mal’? ¿Tal vez porque la entropía es demasiado poderosa para que podamos contrarrestarla? ¿Tal vez porque el socialismo, la historia, requieren de toda tragedia para poder realizarse (Hegel dixit)?
La situación es en cierto sentido tan desesperada que muchos se han arrojado ya exhaustos fuera del campo de batalla. No obstante, ahí están las nuevas experiencias hacia el socialismo, en Cuba o en China, en diversos países y regiones, buscando un camino por el que realizarse dentro de la historia humana; una esperanza de que no todo se ha perdido.
El capitalismo es un modo de producción en franca decadencia, que dilapida recursos productivos, destruye los ecosistemas terrestres y aniquila el futuro de la humanidad.
Es evidente que necesitamos superarlo. Pero si la vía revolucionaria parece desacreditada tras el fracaso de la U.R.S.S., la evolución hacia el socialismo a través del Estado del Bienestar fue eliminada tras la crisis del petróleo en 1973, precisamente cuando se visualizaron los límites del desarrollo capitalista con el Informe del Club de Roma de 1971.
Ese punto de inflexión en la historia moderna, mostró que necesitamos nuevas formas de entender la evolución humana: el progresismo racionalista que estaba en la raíz del marxismo no tenía instrumentos para pensar la novedad descubierta entonces: los límites del desarrollo.
Y este es el segundo factor clave de la derrota del socialismo. Pues la crítica ecológica hubiera debido ser una prueba complementaria de la necesidad del socialismo, pero se convirtió en un obstáculo para el mismo.
Y hoy en día, ¿hemos conseguido ya integrar la visión ecologista en la necesidad del socialismo? En mi opinión, podemos responder sí a esa pregunta, si tomamos en cuenta el modelo cubano, que ha conseguido grandes logros de desarrollo humano con un coste ambiental moderado, como muestran diversos informes ecologistas y de la ONU; pero no en la mentalidad de la clase obrera de los países desarrollados que sigue soñando en la abundancia consumista.
Por eso, es verdad que están dadas las condiciones para un salto evolutivo hacia el socialismo, como el que se produjo en 1917 con la revolución rusa - y esperemos haber aprendido de los errores, para que no se reproduzcan las terribles consecuencias de aquella gesta gloriosa -.
Pero lo que parece ser una constante en la historia de la humanidad, la transformación social tendrá como trampolín unas cuantas guerras pavorosas.
Una nueva guerra mundial, fría y caliente, se perfila en el horizonte histórico, una guerra por los recursos escasos que ya ha empezado en Oriente Medio: es el Norte contra el Sur, el Imperio posmoderno contra la humanidad sufriente, el kaos ambiental contra la vida natural, la corrupción capitalista ahogando las nuevas formas de organización social que se están desarrollando en los países de la periferia capitalista.
Una guerra desigual, de poderosísimos ejércitos tecnificados con los últimos adelantos de la ciencia, robots asesinos y armas de destrucción masiva utilizadas contra poblaciones indefensas, frente a combatientes criminalizados originarios de los sectores oprimidos de la población mundial.
Campos de concentración, genocidios, asesinatos selectivos, secuestros policiales, atentados disfrazados de accidentes, terrorismo de Estado, bandas fascistas organizadas en organizaciones paramilitares semilegales…, son los instrumentos de una guerra de baja intensidad permanente que viene desarrollándose desde hace décadas en los puntos calientes de la confrontación política: Oriente Medio, África, América Latina.
Paralelamente, se produce una tensión estratégica por la hegemonía mundial entre el Imperio posmoderno ‘occidental’ y las nuevas potencias emergentes del Sur, China, India, Sudamérica, África,…
Por tanto, hemos heredado el esquema de la guerra fría, pero redimensionando el problema a una escala mayor, planetaria, con una población humana en crecimiento constante, cada vez más estrechada en las dimensiones planetarias.
No nos engañemos. Aquí en ‘occidente’, por mucho que no lo queramos, formamos parte de ese imperio criminal y resulta muy difícil escapar a él. Cuando utilizamos un móvil o un ordenador que tiene coltán extraído en el Congo oriental entre sus componentes esenciales; cuando cogemos el coche o incluso un cómodo transporte público que funciona con derivados del petróleo; cuando compramos zapatillas de marca o ropa barata importada; cuando comemos alimentos cultivados en los campos de esclavitud de América Latina o Asia o África – una sabrosa piña o un buen café -; cuando repetimos las mentiras de la televisión o el periódico casi sin darnos cuenta; etc.
Reproducimos el esquema del poder imperial en los actos más banales, en los gestos más intrascendentes de nuestra vida cotidiana.
Por tanto no nos hagamos ilusiones. Conviene saber en qué mundo vivimos para orientarnos en él.
Ahora más que nunca tenemos que saber dónde estamos y qué es lo que queremos. Sabiendo eso, tal vez podamos construir el socialismo a partir de nuestras pequeñas tareas cotidianas bien realizada; sabiendo también que nos puede costar muy caro cumplir con nuestro deber, pero que merece pagar el precio de la coherencia personal.
Tal vez algún día pase a nuestro lado una oportunidad para el heroísmo.
¡Ojalá que sepamos aprovecharla!
http://seminario10anosdepois.wordpress.com/
que era el capitalismo puro y duro
por Miguel Manzanera
27.06.2010
Pero ya lo tenemos aquí de nuevo, tan auténtico como lo fue a principios del siglo XX, tan canalla como lo pintó Bertold Brecht en su “Ópera de dos centavos”; o incluso más: la clase dominante, una banda de delincuentes asaltando los ahorros de las personas sencillas.
Primero fue la quiebra de las constructoras, ni más ni menos que una crisis de superproducción tan evidente desde hace un lustro al menos, que hería a los ojos de las personas sensatas.
Luego vino la crisis financiera, que se resolvió donando fondos públicos a los bancos, un auténtico atraco a mano armada en las arcas del Estado.
Ahora es la quiebra del propio Estado, endeudado con esos banqueros que se apropiaron de… Todo ha sucedido en una secuencia de acontecimientos tan previsibles en buena lógica, como fáciles de resolver en una economía mínimamente ordenada. Bastaba con haber dejado hundirse a la banca corrupta y haber fundado una banca pública.
Según la teoría económica liberal clásica las empresas incompetentes deben hundirse y desaparecer del mapa; para eso sirve el mercado.
¿Por qué no se ha aplicado esa teoría a los bancos en quiebra? ¿Tal vez porque en realidad no se aplica nunca? En realidad, esa ciencia neoliberal no es más que un galimatías imposible de descifrar para la gente de la calle –hipotecas sub prime, ingeniería financiera, bonificaciones fiscales, leasing,…, un argot de hampa de lujo-; y nos ofrece una parafernalia de números que suena a fábula de otro mundo - 50.000 millones de euros para los bancos, cinco millones de parados, un millón de casas vacías, millones de toneladas de excedentes agrícolas, etc.-.
Mientras que las mentiras de la ‘eficiencia de los mercados’ y la ‘disciplina de mercado’ se hacen dogmas de fe, se imponen a sangre y fuego - como se hace siempre con las verdades indemostrables -.
¿Cómo imaginar lo que eso significa, cuando apenas se dispone de unos pocos euros en el bolsillo? Para el trabajador ‘disciplina de mercado’ suena a rebaja de sueldos; y la ‘eficiencia de los mercados’ a tiendas llenas con escaparates de precios inalcanzables custodiados por polizontes armados.
La política de la estafa y el robo viene disfrazada con grandes palabras: ‘democracia y libertad’ son las favoritas de los políticos y los multimillonarios cuando todo va bien; cuando se utiliza la palabra ‘solidaridad’, cuando las cosas se ponen feas, es para decirnos que debemos recortar nuestro nivel de vida por el bien de la sociedad.
El argumento del bastón demuestra su eficiencia, cuando el trabajador se pone rebelde; pero no suele hacer falta: la gente acostumbrada al miedo está tranquila; para eso los curas y las beatas les explicaron el infierno a los niños, para que de niños se porten como los mayores deseen y de mayores como los jefes quieran.
La teoría del capital es una historia de vampiros, explicaba Marx hace ciento cincuenta años. Y ahora podemos añadir que la economía posmoderna o neoliberal se parece al monstruo de Frankenstein: un engendro que se vuelve contra su amo y creador.
Los enterradores de Marx deberían al menos sonrojarse, pues la crisis vaticinada por el científico honesto ha vuelto a suceder, el pronóstico se ha hecho realidad. ¡Qué lejos quedan los tiempos en que Popper decía que las predicciones de Marx no se habían cumplido! ¡Ojalá hubiera tenido razón! Lo malo es que este ideólogo de la derecha no tenía otra intención que preparar lo que ahora nos ha llegado: una crisis comparable a la del 29, con su espantosa guerra mundial a continuación.
¿Se volverá a repetir el ciclo mortífero de crisis, depresión y guerra, como en el siglo pasado?
¡Qué lejos los tiempos en que Horkheimer decía que la teoría de Marx se había equivocado al predecir que las crisis del sistema capitalista eran inevitables! ¡Ojalá y fuera cierto! Pero el filósofo de Frankfurt no sabía que los neoliberales iban a desmantelar el Estado de Bienestar, eliminando los controles estatales del mercado.
No podía imaginarse que se volvería a imponer la locura del capitalismo desregulado –¿tenía tal vez demasiada confianza en la razón humana? -. Horkheimer, a lo largo de su vida había trabajado en una dirección precisa: primero, conjurar la barbarie fascista, consecuencia de las crisis económicas de principios del siglo XX; e impedir su vuelta tras la guerra mundial, después.
¿Y ahora que la crisis ha vuelto, nos encaminamos hacia una nueva forma de fascismo posmoderno, copiado del Estado de Israel y sus técnicas de dominación genocida?
¿En qué aspecto no se han cumplido las predicciones de la teoría marxista? En la construcción del socialismo, en el fracaso de la Unión Soviética. Pero un nuevo modo de producción no se saca de la chistera de un mago, es algo que tarda siglos en presentarse; comienza poco a poco y se va desenvolviendo conforme demuestra su superioridad.
Pero debemos conocer las causas del fracaso. Primero, un factor clave de la victoria del capitalismo sobre el llamado ‘socialismo real’ en el siglo XX ha sido su capacidad de innovación científica y tecnológica: el desarrollo de la informática que las empresas capitalistas fueron capaces de desarrollar, mientras que los Estados del campo socialista adoptaban una versión falsificada del marxismo, como si fuera una ideología dogmática y no el principio mismo de la crítica filosófica.
También en el campo de las ciencias sociales, donde el marxismo se consideraba superior al positivismo, la ‘ciencia capitalista’ fue capaz de desarrollar una nueva metodología analítica y formal en ciencias sociales, la teoría de juegos, de cuya eficacia hoy nadie puede ya dudar.
¿Y qué decir del psicoanálisis al servicio de la publicidad, como técnica de control sobre las conciencias de los ciudadanos? Por si fuera poco, ahora y en los próximos años veremos cómo avanza una nueva revolución tecnológica a partir de la ingeniería genética y cómo afectará a la producción agrícola y la alimentación y salud de la humanidad. Se trata de crear la vida artificialmente –seréis como dioses, dijo la serpiente a Eva en el paraíso-.
La próxima confrontación mundial por un nuevo modo de producción tendrá en la vida, en la realidad vital, uno de sus principales campos de batalla.
El capitalismo ha vencido, porque todavía desarrolla las fuerzas productivas – esto también lo dijo Marx en su “Contibución a la crítica de la economía política” -, y el nuevo esquema del desarrollo, los nuevos principios de economía política que han de regir el socialismo, todavía no se han desarrollado lo suficiente.
Pero hay muchos capitalismos, ¿por qué ha tenido que imponerse el más obsceno y despiadado? ¿Tal vez por la ley de Murphy: ‘todo lo que pueda ir mal, irá mal’? ¿Tal vez porque la entropía es demasiado poderosa para que podamos contrarrestarla? ¿Tal vez porque el socialismo, la historia, requieren de toda tragedia para poder realizarse (Hegel dixit)?
La situación es en cierto sentido tan desesperada que muchos se han arrojado ya exhaustos fuera del campo de batalla. No obstante, ahí están las nuevas experiencias hacia el socialismo, en Cuba o en China, en diversos países y regiones, buscando un camino por el que realizarse dentro de la historia humana; una esperanza de que no todo se ha perdido.
El capitalismo es un modo de producción en franca decadencia, que dilapida recursos productivos, destruye los ecosistemas terrestres y aniquila el futuro de la humanidad.
Es evidente que necesitamos superarlo. Pero si la vía revolucionaria parece desacreditada tras el fracaso de la U.R.S.S., la evolución hacia el socialismo a través del Estado del Bienestar fue eliminada tras la crisis del petróleo en 1973, precisamente cuando se visualizaron los límites del desarrollo capitalista con el Informe del Club de Roma de 1971.
Ese punto de inflexión en la historia moderna, mostró que necesitamos nuevas formas de entender la evolución humana: el progresismo racionalista que estaba en la raíz del marxismo no tenía instrumentos para pensar la novedad descubierta entonces: los límites del desarrollo.
Y este es el segundo factor clave de la derrota del socialismo. Pues la crítica ecológica hubiera debido ser una prueba complementaria de la necesidad del socialismo, pero se convirtió en un obstáculo para el mismo.
Y hoy en día, ¿hemos conseguido ya integrar la visión ecologista en la necesidad del socialismo? En mi opinión, podemos responder sí a esa pregunta, si tomamos en cuenta el modelo cubano, que ha conseguido grandes logros de desarrollo humano con un coste ambiental moderado, como muestran diversos informes ecologistas y de la ONU; pero no en la mentalidad de la clase obrera de los países desarrollados que sigue soñando en la abundancia consumista.
Por eso, es verdad que están dadas las condiciones para un salto evolutivo hacia el socialismo, como el que se produjo en 1917 con la revolución rusa - y esperemos haber aprendido de los errores, para que no se reproduzcan las terribles consecuencias de aquella gesta gloriosa -.
Pero lo que parece ser una constante en la historia de la humanidad, la transformación social tendrá como trampolín unas cuantas guerras pavorosas.
Una nueva guerra mundial, fría y caliente, se perfila en el horizonte histórico, una guerra por los recursos escasos que ya ha empezado en Oriente Medio: es el Norte contra el Sur, el Imperio posmoderno contra la humanidad sufriente, el kaos ambiental contra la vida natural, la corrupción capitalista ahogando las nuevas formas de organización social que se están desarrollando en los países de la periferia capitalista.
Una guerra desigual, de poderosísimos ejércitos tecnificados con los últimos adelantos de la ciencia, robots asesinos y armas de destrucción masiva utilizadas contra poblaciones indefensas, frente a combatientes criminalizados originarios de los sectores oprimidos de la población mundial.
Campos de concentración, genocidios, asesinatos selectivos, secuestros policiales, atentados disfrazados de accidentes, terrorismo de Estado, bandas fascistas organizadas en organizaciones paramilitares semilegales…, son los instrumentos de una guerra de baja intensidad permanente que viene desarrollándose desde hace décadas en los puntos calientes de la confrontación política: Oriente Medio, África, América Latina.
Paralelamente, se produce una tensión estratégica por la hegemonía mundial entre el Imperio posmoderno ‘occidental’ y las nuevas potencias emergentes del Sur, China, India, Sudamérica, África,…
Por tanto, hemos heredado el esquema de la guerra fría, pero redimensionando el problema a una escala mayor, planetaria, con una población humana en crecimiento constante, cada vez más estrechada en las dimensiones planetarias.
No nos engañemos. Aquí en ‘occidente’, por mucho que no lo queramos, formamos parte de ese imperio criminal y resulta muy difícil escapar a él. Cuando utilizamos un móvil o un ordenador que tiene coltán extraído en el Congo oriental entre sus componentes esenciales; cuando cogemos el coche o incluso un cómodo transporte público que funciona con derivados del petróleo; cuando compramos zapatillas de marca o ropa barata importada; cuando comemos alimentos cultivados en los campos de esclavitud de América Latina o Asia o África – una sabrosa piña o un buen café -; cuando repetimos las mentiras de la televisión o el periódico casi sin darnos cuenta; etc.
Reproducimos el esquema del poder imperial en los actos más banales, en los gestos más intrascendentes de nuestra vida cotidiana.
Por tanto no nos hagamos ilusiones. Conviene saber en qué mundo vivimos para orientarnos en él.
Ahora más que nunca tenemos que saber dónde estamos y qué es lo que queremos. Sabiendo eso, tal vez podamos construir el socialismo a partir de nuestras pequeñas tareas cotidianas bien realizada; sabiendo también que nos puede costar muy caro cumplir con nuestro deber, pero que merece pagar el precio de la coherencia personal.
Tal vez algún día pase a nuestro lado una oportunidad para el heroísmo.
¡Ojalá que sepamos aprovecharla!
http://seminario10anosdepois.wordpress.com/
Assinar:
Postagens (Atom)