MODERNIDADE

Presos em greve de fome querem Playstation
por Rosa Ramos
05.08.2010
Mais de 100 reclusos do Estabelecimento Prisional de Sintra reclamam há quatro dias melhor comida e acesso à Playstation 2

Estão em greve de fome desde a última segunda-feira. Eles reclamam, há quatro dias, melhor alimentação e uma actualização do regulamento da prisão, que actualmente só permite o acesso à Playstation original.

Os 120 reclusos têm recusado todas as refeições desde o início da semana porque pretendem usufruir de um modelo mais recente, a Playstation 2. Fonte ligada ao estabelecimento explicou ao i que os detidos reivindicam este modelo por permitir "outras funcionalidades, como ver filmes".

Actualmente, o regulamento da Prisão de Sintra prevê que os detidos possam ter duas Playstation originais em cada cela, onde coabitam três presos. As regras permitem também que os reclusos possam usufruir de televisão e rádio, desde que os aparelhos cumpram determinados limites em termos de dimensão.

No que toca às refeições, os reclusos queixam-se de má alimentação. "Em tempos de crise tem de se cortar nas despesas [com a comida], mas mesmo assim não há nenhuma razão para protestarem", garante a mesma fonte.

Além das refeições principais, em Sintra os reclusos têm direito a uma ceia que inclui alimentos como iogurtes, queques, gelatina, fruta "e até gelados", exemplifica.

O protesto estará a ser liderado por uma comissão de quatro detidos "bastante influentes" dentro do estabelecimento, que conta com uma população de 686 presos.

No entanto, segundo outra fonte, a greve tem um duplo objectivo. "O grupo de reclusos que lidera a greve pediu transferência à Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, mas continuam em Sintra", explica. Por isso o protesto será uma forma de "destabilização". Aproveitando-se do ascendente que têm sobre os outros detidos, os quatro reclusos estarão a obrigá-los a aderir ao protesto. "Aqueles que não têm visitas estão a passar fome e alguns admitem que não têm interesse em participar na greve de fome", garante a mesma fonte.

Mesmo assim, e apesar de a iniciativa dos detidos já durar há quatro dias, não tem havido confrontos dentro do estabelecimento prisional.

Contactada pelo i, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais garantiu não ter sido ainda informada da existência de qualquer protesto. http://www.ionline.pt/
http://www.ionline.pt/