COMPORTAMENTO?

Associação de Psicologia contra terapia de reconversão para homossexuais

por Agência Lusa

A Associação Americana de Psicologia (APA) desaconselhou os profissionais de saúde mental a dizerem aos seus clientes homossexuais que podem tornar-se heterossexuais através de terapia ou outros tratamentos.

Numa resolução aprovada pelo conselho executivo da APA e num relatório anexo, a associação emitiu o seu "mais amplo repúdio" face à terapia da reconversão, um conceito defendido por um pequeno mas insistente grupo de terapeutas norte-americanos, muitas vezes aliados a grupos religiosos.

Em Portugal, este tema esteve na origem de uma petição dirigida ao bastonário da Ordem dos Médicos (OM) por centenas de técnicos de saúde mental, exigindo um esclarecimento da direcção e uma tomada de posição do Colégio da Especialidade de Psiquiatria.

A petição foi lançada em maio, na sequência de um artigo em que o presidente do Colégio de Psiquiatria da OM, José Marques Teixeira, considerava possível dar resposta a um homossexual que pedisse ajuda médica para mudar de orientação sexual.

"Não há qualquer evidência sólida de que essa mudança seja possível", lê-se na resolução, aprovada pelo conselho executivo da APA, por 124 votos a favor e quatro contra. Alguma investigação sugere mesmo que os esforços para produzir essa mudança podem ser prejudiciais, induzindo à depressão e a tendências suicidas, acrescenta.

Em vez de tentarem mudar os gays, a APA exorta os terapeutas a considerarem múltiplas opções - desde o celibato à escolha de outras igrejas - para ajudar os seus clientes a viverem vidas espiritualmente compensadoras em instâncias em que a orientação sexual entre em conflito com a confissão religiosa.

A APA já tinha criticado no passado a terapia da reconversão, mas o novo relatório, de um grupo de trabalho de seis membros, deu mais peso a esta posição, ao examinar 83 estudos sobre mudança de orientação sexual publicados desde 1960.

O documento foi homologado pelo conselho executivo da APA em Toronto (Canadá), onde esta associação de 150 mil membros se reuniu.

O grupo de trabalho assumiu como ponto de partida para o seu relatório a convicção de que a homossexualidade é uma variante normal da sexualidade humana, apesar de continuar a ser estigmatizada de formas que podem ter consequências negativas.

"A fé religiosa e a psicologia não têm de ser encaradas como opostas", afirma-se no relatório, que apoia abordagens "que integrem conceitos da psicologia da religião e da psicologia moderna da orientação sexual".

O documento aborda também a questão de saber se os adolescentes devem ser submetidos a terapias tendentes a alterar a sua orientação sexual. No entendimento dos autores, qualquer abordagem desse tipo deve "maximizar a auto-determinação" e ser aplicada apenas a jovens que a aceitem.