Livro

Caderno de Memórias Coloniais

Escritor: Isabela Figueiredo
Sala cheia no lançamento do livro, boa intervenção do público embora com muita confusão sobre as questões da colonização, guerra e racismo. Não consegui evitar pensar que a plateia era constituída por pessoas que gostaram do livro e consequentemente concordam com a visão da autora. Que tipo de debate poderia ter acontecido se metade discordasse? Pelas reacções violentas na blogosfera não teria sido um debate tão pacífico. O tema do livro é polémico o suficiente para isso e muito mais. Para além de bem escrito – Isabela escreve de uma forma crua, inteligente, irónica, com um humor subtil que raramente encontro – o livro desvenda o que era a vida na colónia e como foi vivido o processo de descolonização. Isabela fala dos Cadernos como uma visão pessoal que tentou cingir às memórias que guardou – partiu de Moçambique quando tinha doze anos. Para além de ser um registo fundamental, é de salientar a enorme coragem para publicar o livro, sendo o mesmo em parte baseado na figura paterna e as suas observações sobre o racismo latente na altura serem um assunto ainda hoje tabu. (por Afonso Ferreira)


Os Aquários de Pyongyang

Escritor: Kang Chol-Hwan, com Pierre Rigoulot.
Em Os Aquários de Pyongyang - Dez Anos no Gulag Norte-Coreano, Kang Chol-Hwan, condenado em 1977, aos nove anos de idade, a dez anos de trabalhos forçados devido a um crime de desobediência politica alegadamente cometido pelo avô, relata-nos, com uma crueldade desarmante, a sua experiência no Gulag norte-coreano. O autor, exilado na Coreia do Sul desde 1992, país para o qual empreendeu a sua fuga, via China, um ano antes, é jornalista e renomado conferencista na área dos Direitos Humanos, tendo escrito a presente obra em co-autoria com o historiador francês Pierre Rigoulot, ex-militante marxista-leninista na década de 80 do século XX, e actual redactor-chefe dos Cahiers d'Histoire Sociale. Trata-se de uma obra cujo valor intrínseco reside, em nossa opinião, no papel assumido de relato histórico, claramente marcado pelo cunho da vivência pessoal da experiência ora relatada pelo próprio Autor. É uma obra cuja leitura recomendamos aos leitores do I, a qual foi apropriadamente definida pela revista Time como «umas memórias angustiantes». Editorial Hespéria, Lda, 2ª Edição, Junho de 2009, 238 páginas, tradução por Diana Almeida. (Por Hugo Rodrigues Santos Silva)
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