SWISS TOP SEX

Prostitutas de luxo à caça de ricos
clientes em Zurique

Por Susan Vogel-Misicka
20.10.2010
Foto - Prostituição também ocorre nas altas esferas sociais. (Keystone)

O comércio do sexo é evidente em algumas partes de Zurique, tanto que a cidade está a ponto de erigir "cabines sexuais" para permitir que prostitutas de rua possam conduzir seus negócios de forma mais discreta.
.
Mas isso não será necessário para as acompanhantes de luxo. Ao contrário das suas colegas de profissão, que esperam no frio para embarcar em veículos de terceiros, essas encontram seus clientes muitas vezes nos hotéis chiques da cidade.
.
Em Zurique existem inúmeras agências de acompanhantes. Muitas delas têm como principal alvo homens de negócios com polpudas contas bancárias.
"Experimente o charme de Zurique em uma atmosfera relaxada e acompanhado por uma mulher charmosa de sonhos", está escrito em inglês no site de um serviço de acompanhantes.
.
O "tour erótico", que pode ser realizado em limusine caso haja interesse, inclui locais como a ópera e o bairro de Niederdorf (bairro turístico de Zurique).
"É uma loucura como Zurique se desenvolveu para tornar-se uma espécie de capital do sexo", afirma Eva, gerente de um desses serviços.
.
Sua agência atende clientes de boa situação financeira. Seus preços começam na base de 400 francos (419 dólares) a hora e vão até dois mil francos por uma noite completa na companhia de uma das suas funcionárias.
"Nós arranjamos mais do que sexo. As mulheres são elegantes - elas podem acompanhar em um jantar. Elas falam também vários idiomas, o que é ideal quando o cliente tem compromissos de negócios", conta Eva à swissinfo.ch.
.
Ela enfatiza que sua agência não é intermediária de drogas de menores de idade que se prostituem. A maior parte das suas funcionárias tem mais de trinta anos e muitas trabalham com ela desde que a agência foi aberta, há doze anos.
"Elas sabem o que estão fazendo. A maior parte dos nossos clientes são realmente pessoas de classe e eles não querem adolescentes. Eles procuram, sim, mulheres que conhecem a vida, com quem eles podem conversar como se fosse com um amigo", revela Eva.
.
Amigo de plantão
Uma dessas "amigas" é Marie, uma aeromoça suíça de 27 anos. Ela se interessou depois que uma amiga lhe contou como o negócio funcionava um ano atrás.
"Sou uma pessoa curiosa e aventureira. E como sou solteira, pensei que não seria uma má ideia tentar", conta. "Para mim é algo fascinante e emocionante. Muitas vezes tenho a impressão de estar num encontro romântico."
.
De acordo com Marie, muitos dos clientes são médicos ou advogados, que lhe enchem de presentes e gorjetas. Ela tem cerca de dois encontros por semana, dependendo da sua escala de trabalho na companhia aérea.
"Amo encontros onde eu me sinto como uma princesa, com um ótimo jantar e um hotel maravilhoso - é muito bom ser mimada", diz Marie, que já viajou de férias com clientes para lugares como o Caribe ou a Grécia.
.

"Uma vez também tinha que participar de um importante baile e, no mesmo dia, eu e o cliente tivemos de fazer um curso rápido de dança. Foi muito divertido", lembra-se.
Marie explica que também estava satisfeita de poder ganhar um dinheiro extra, já que seu salário de aeromoça não é tão elevado. "Agora posso economizar para fazer cursos mais tarde, assim como cuidar de mim com um pouco de luxo."
.
Questionada se já se sentiu desconfortável por dormir com estranhos por dinheiro, Maria admite que levou um certo tempo para se acostumar. “Já viajei muito através do meu trabalho e sempre encontro novas pessoas. Para mim não é difícil de ter intimidade com um estranho, mas isso não é seguramente fácil para qualquer um", afirma.
.
Lista negra
Como gerente de serviço, Eva recebe os chamados e confirma que os clientes estão conforme os regulamentos checando endereços e números fornecidos por eles.
Ela mantém uma lista negra de homens classificados por ela de brutos ou misóginos (que tem aversão às mulheres).
"Temos mulheres maravilhosas com personalidades fortes. Elas não têm de suportar algo parecido", descreve Eva sua equipe. Também existe uma lista "vermelha" de homens considerados perigosos.
.
Marie está feliz de ter esse controle da agência por trás dela. "Você tem proteção através da agência. Você tem de bater ponto e a agência sabe onde você está. Isso é muito importante", explica.
.
Ladarat Chitphong não teve tanta sorte. A prostituta de 30 anos originária da Tailândia foi morta a facadas por um cliente em agosto de 2008.
Seu assassino, que jogou o corpo em uma floresta próxima ao seu apartamento no cantão da Turgóvia (leste da Suíça), foi condenado à prisão perpétua em sete de outubro de 2010. Foi a primeira sentença de prisão perpétua a ser proferida na Suíça.
.
Andreas S. contou à swissinfo.ch ter encontrado Chitphong cinco anos atrás antes do seu assassinato. O cozinheiro a havia contratado para um atendimento caseiro.
Quando chegou, ela apresentava um olho roxo e marcas de estrangulação no pescoço. Assim Andreas levou-a à polícia, onde depois foi encaminhada a um abrigo para mulheres que sofrem violência. Andreas, que acredita ser a prostituição um trabalho relativamente perigoso, considera que o assassino de Chitphong mereceu a pena de morte.

"Sex appeal"
"Antes de casar, eu costumava procurar acompanhantes, pois não estava querendo uma relação séria", justifica-se Andreas, que já casou duas vezes, mas atualmente está separado. Enquanto alguns homens que contratam acompanhantes podem ser executivos muito ocupados para ter uma namorada, outros também são casados, indica Eva. Ela explica ainda que muitos clientes já lhe contaram que "não há estresse quando se contrata uma mulher de programa."
.
Andreas, 52 anos, acredita também que muitos dos clientes são homens casados, com mais de 40 anos, e de todas as classes sociais. "Ou eles não têm sexo em casa ou consideram a vida sexual com suas parceiras muito monótona. Talvez eles também não possam praticar determinadas formas de sexo com suas esposas", avalia Andreas, que confessa já ter pago por sexo quando sua esposa não tinha interesse.
.
Como Maria salienta, laços não são criados com uma mulher de programa.

"Não há quaisquer argumentos, apenas bons momentos. Uma acompanhante não reivindica nada e oferece discrição absoluta", diz Marie. Ocasionalmente um cliente se apaixona pela garota de programa. Porém essa pode ser uma situação muito complicada.
.
"Muitas vezes nos surpreendemos de ver como esses homens podem ser inocentes, apesar das posições de poder que ocupam", afirma Eva.
Apesar de estar trabalhando como garota de programa por apenas nove meses, ela já viveu esse fenômeno. "O homem sabia que não estava procurando relacionamento, mas às vezes tinha de lembrá-lo a simplesmente aproveitar do momento."
www.swissinfo.ch/